O mais interessante seria terem mirrors "canónicos"... isto é, respeitando a estrutura e convenções típicas de cada coisa que irão distribuir. Assim, por exemplo, em vez de uma forma desgarrada de disponibilizar a distribuição Debian, interessava seguirem a estrutura e regras recomendadas para todos os mirrors. No caso desta, há muito poucos sítios com as imagens completas dos CDs: a estratégia para baixar a carga e evitar alguns problemas é o interessado usar um programa que, indo a um ou mais servidores buscar packages individuais, faz com elas uma primeira versão da "imagem", que depois é completada a partir de um dos poucos sítios com os "ISOs" oficiais usando o `rsync' (depois da instalação, a distribuição vai sendo actualizada facilmente package a package por http ou ftp; para isso dá naturalmente jeito ter mirrors com bom acesso em Portugal... mas mirrors que sejam fiáveis). Isto não exclui que, para principiantes, disponibilizem directamente imagens dos CDs (se tiverem espaço e largura de banda...), mas mais prioritário seria contribuir segundo a estrutura montada. Para Perl e TeX, por exemplo, interessaria seguir a estrutura e regras dos arquivos CPAN e CTAN; reinventar a roda talvez não ajude ninguém, e não é nada trivial reinventar rodas destas. Para outros produtos que têm um sítio central característico na WWW e baseiam a difusão internacional na replicação completa do sítio ("pacotes" de source e compilados + páginas WWW), o ideal seria de novo participar nesse processo em vez de arquivar pacotes avulsos. Estas formas "canónicas" de participar na distribuição são normalmente as mais úteis e que dão mais confiança a quem vai buscar software livre. Se um sítio mostrar algum sintoma de "cluelessness" na forma como apresenta as coisas ou se descuidar na actualização facilmente é posto de lado. Confesso que estou céptico sobre a ZDNet vir a seguir esta via. Se a seguisse, teria a ganhar pontos de consideração e respeito por estar a fazer The Right Thing. Se houver na ZDNet quem saiba tecnicamente preparar as coisas desta forma, o trabalho total poderia ser até muito menor do que o de uma alternativa diferente. Só que a imagem da ZDNet apareceria então de forma mais discreta: nomes de servidores, mensagens de servidores ftp, nome da empresa nas listas de mirrors ou participantes no sistema de distribuição, eventualmente o logotipo em mirrors: vários sítios copiáveis têm reservado lugar na página de entrada para o logotipo de quem acolhe um mirror deles. O meu cepticismo deriva de não perceber esta discrição como típica da ZDNet. Pelo contrário, suponho (mas gostaria de estar enganado) que o objectivo é aproveitar a popularidade que diverso software livre agora tem para mostrar tanto quanto possível a imagem da ZDNet ou seus clientes publicitários. Querendo ser "diferente", acabaria por sair "igual" a coisas de reputação duvidosa. O resultado final nesses casos tende a ser, não um serviço com imagem de fiabilidade e autoridade, mas um amontoado espampanante de grafismo e "branding" onde o menos importante é a "package" de software em si, posta lá de forma avulsa, nem sempre correcta ou actualizada, e o mais importante é maximizar a visualização de publicidade: os clientes são os anunciantes, o público é o produto e o suposto "serviço" é apenas um isco para apanhar "produto". Se assim for, na melhor das hipóteses (e certamente com bastante mais mão de obra do que seria necessário para fazer o tal mirroring decente) a coisa poderá ficar uma espécie de "Tucows". Poderá apelar a alguns principiantes à procura dos primeiros goodies e ainda com pouca informação sobre os repositórios que existem (especialmente se tiver informação em português difícil de encontrar noutro lado), mas não será um sítio interessante passada essa fase. Lembro-me de ter acedido algumas vezes a coisas tipo Tucows e ter acabado por ir ver os sítios originais onde me esperava informação mais decente e versões às vezes bem melhores ou mais actualizadas ou com source. Onde a ZDNet pode talvez marcar a diferença é no fornecimento de informação decente em português, importante para quem não domina a língua inglesa e está a dar os primeiros passos com software livre, dando em particular bons ponteiros para o que existe e ajudando o principiante a orientar-se. Mas também aí é preciso muito cuidado, para não deixar a qualidade cair ao nível dos ciber-pasquins (alguns da Ziff-Davis) que poluem os quiosques e que parecem próximos do que me parece quase uma regra: revistas escritas para quem não pode (por razões monetárias ou outras) ter acesso ao que é mostrado nelas --- sejam carros, casas, mulheres, festas, ou certos usos de meios informáticos. Enfim, revistas para alimentar as fantasias de wannabees e escritas por (na melhor das hipóteses) wannabees. É que o software livre também tem muito a ver com dar capacidades (reais, não fantasiadas) e poder ao utilizador. Gostamos de ver um utilizador capaz de fazer escolhas conscientes, capaz de aprender, capaz de levar a máquina a fazer o que ele precisa que ela faça e com direito a "mexer" à vontade. |