Esta discussão foi arquivada. Não se pode acrescentar nenhum comentário. | | por Anonimo Cobarde em 28-02-03 0:59 GMT (#2) |
| Vai sonhando vai que isso só vai acontecer quando os burocratas da administração pública morrerem todos (aka dia se S. Nunca à tarde). É que no sitio onde trabalho (função publica) chegam ao ponto de me pedirem para imprimir todos os e-mail para dar à responsável do correio para dar entrada (como se de correio normal se trata-se) para depois ser dirigido a quem deve (à é verdade antes ainda tem de passar pelo chefe pois), para depois caso seja necessário formular uma resposta que tem de ser aprovada pelo chefe :@ e pronto ao fim de um mês e tal a coisa lá vai para responder a 1 email. Pois já para não falar de um software que gostam muito de usar que é o smartdocs para fazer e registar documentos de forma electrónica pois é para acabar com o papel... sim sim claro e as galinhas têm dentes, é que em cada secção imprimem os documentos em papel para por em pastas. Por isso ou vem uma morrinha que apanhe essa gente toda ou então vai sonhando. :-S
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| | | | Por muito boa vontade que o UMIC tenha, a máquina não se muda por decreto nem com projectos de e-government que tentam dar uma imagem do Portugal que ainda não existe e que servem mais para importar tecnologia estrangeira do que para desenvolver tecnologia e competências nacionais. Julgo que é preciso reflectir que não é por as nossas empresas passarem a ter Engenheiros e Doutores vestidos de fato e gravata em vez de operários usando macacão sujo, que deixámos de ser meros trabalhadores a baixo custo que servem apenas, em muitos casos, para aplicarem receitas já comprovadas nos grandes mercados, mas não para pensarem ou adicionarem "inteligênzia" a essas mesmas receitas ou mesmo para confeccionar novas iguarias. Com uma agravante: ninguém acha estranho que essas receitas tenham preços astronómicos porque são usadas nos mercados "desenvolvidos", mas todos acham estranho que se pratiquem os mesmos preços quando se tem um produto tecnológico nacional de qualidade tão boa ou melhor do que os outros. Entramos assim num ciclo vicioso que raramente permite aos empresários nacionais dispôr de fundos suficientes para continuarem com a evolução dos seus produtos e tentarem dar um passo maior, passando a ter integradores dos seus produtos noutros países. Que empresas permitiriam resistir melhor a um período económico nacional desfavoravel: as que usam as receitas bem embaladas de outros (que em tempos de vacas gordas podem permitir margens de 30 a 50%, sem necessidade de Engeneheiro e Doutores com muito "pensamento activo") ou as que desenvolvem receitas cujas embalagens são vendidas noutros países ? Depois queixem-se do desemprego dos licenciados ... Mas voltando ao assunto principal, já que isto dá "pano para mangas", julgo que aquilo que realmente é necessário, é mudar a mentalidade das chefias superiores e intermédias que continuam a preferir o fax e o papel ao e-mail. Mas francamente, também não as culpo - o papel tem uma característica muito importante e a que a Admin Publica está habituada: as várias chefias (um pouco de burocracia também é necessária) ou os vários intervenientes no processo a que o papel diga respeito, podem escrever comentários no papel que serão arquivados com o mesmo e recuperados do arquivo sempre que se necessitar. Quanto a mim, aqui é que está a grande diferença em relação ao e-mail: o e-mail não é um sistema de Workflow, pelo que não tem a "funcionalidade" que o papel tem dentro de uma organização. Quando as grandes empresas se querem transformar em empresas "sem papel", não mandam instalar um sistema de e-mail, mas sim um sistema de Workflow integrado na sua Intranet, que lhes permite ao mesmo tempo repensar os processos e simplificá-los. Quanto a mim, era isso que "mudar a máquina" deveria significar para a Administração Publica: adicionar um sistema de Workflow que "cubra" toda a Administração Publica, baseado em ferramentas Web e integrado na Intranet (que poderia utilizar open source, havendo logo aqui uma grande diminuição de custos), havendo o cuidado de realmente repensar os processos a um nível geral, ao mesmo tempo que os simplificava. Se pensarem bem, este "mudar a máquina" que defendo, é uma medida que requer muita coragem política e que provocaria um desgaste político muito grande, já que iria contra os lobbies instalados em todos os quadrantes da Administração Publica. A hipótese de ser aplicada é assim muito restrita.
Por isso, e em jeito de conclusão, o melhor é ver como ganhar uns cobres com estas iniciativas de e-gov. Como diz um amigo meu muito pragmático, "não me importo que haja pouco dinheiro do POSI para todas estas iniciativas, o que me importo é se nenhum vier parar ao meu bolso" ;-) Boas discussões, jepm |
| | | | por Anonimo Cobarde em 28-02-03 11:38 GMT (#4) |
| É impressionante a forma como conseguiste acertar na mouche! Em Portugal, infelizmente, ainda há o complexo de que o que vem de fora é que é bom. No que respeita ao workflow idem aspas! Propus aqui na empresa que se implementasse um esquema desses (e somos pouquinhos, cerca de 20) e uma das primeiras respostas que obtive foi "era bom que fosse realmente necessário implementar isso". Com mentalidades assim, qual é a resposta possível? Afinal não é só na AP que gostam de ver papelada a andar para a frente e para trás... Para concluír, a última vez que houve coragem política neste país foi em Abril de 74... E mesmo assim tiveram de ser "não-politicos" a meter a mão na massa... Daí para cá, é só lobbies, favores e boi(y)s. |
| | | | Tambem trabalho na Admin Publica e vamos montar um sistema de Workflow em Web(e ja o Web é um grande avanço) num projecto que começa este ano.
Posso parecer básico mas apos um consulta de open-source nao encontrei nada que fosse "personalizavel/adaptavel" para as situações mais basicas sequer...
Se pudesses implementar que usavas? |
| | | | Caro AliAli, Nunca encontrei nada que fosse open-source nesta área, mas também nunca andei procurei muito. A empresa onde trabalho está a adicionar as nossas APIs e know-how na área da segurança e certificação digital a uma plataforma de workflow em Web (que pessoalmete acho extraordinária) desenvolvida por outra empresa nacional. Se quiser discutir mais este assunto, contacte-me para jepm@mail.pt. Obrigado, jepm
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| | | | Se pudesses implementar que usavas? Zope + OpenFlow Cumprimentos Mario Valente |
| | | | Mario: Obirgado pela dica. Ja tinha andado a ver coisas em Zope mas nao tinha visto esta. Obrigado mais uma vez. Jorge |
| | | | Quanto a mim, era isso que "mudar a máquina" deveria significar para a Administração Publica: adicionar um sistema de Workflow que "cubra" toda a Administração Publica, baseado em ferramentas Web e integrado na Intranet (que poderia utilizar open source, havendo logo aqui uma grande diminuição de custos)
Há motivos mais fortes do que a poupança de custos para a AP utilizar software livre. Cito a resolução 21/2002 do Conselho de Ministros: Nos termos da alínea g) do artigo 199º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve o seguinte: 1. As direcções-gerais e serviços equiparados, os institutos públicos nas suas diversas modalidades e as empresas públicas devem adoptar planos de gestão da aquisição, uso e actualização de programas de computador, por forma a assegurar, designadamente:
a) A adequada selecção de programas, quer de entre os disponíveis no mercado dos produtos sujeitos a licença de uso, quer em regime de uso gratuito ou condicionado, designadamente freeware e shareware, bem como por recurso a sistemas abertos de software;[1]
b) A melhor relação custo/benefício dos programas a utilizar;
c) A modalidade apropriada de aquisição ou obtenção, incentivando-se a compra de grupo, as licenças sujeitas a regime mais favorável e a utilização de programas mediante doação;
d) A devida actualização dos programas e a incorporação atempada das correcções que melhorem a sua funcionalidade e limitem vulnerabilidades;
e) O recurso, em casos apropriados, a modalidades de aprovisionamento electrónico;
f) A prevenção e correcção da utilização e reprodução ilícita de programas de computador, fazendo observar os instrumentos jurídicos aplicáveis na matéria, tanto de natureza legal como contratual, bem como os direitos de propriedade intelectual associados à sua utilização;
g) A garantia da integridade dos dados informatizados e aplicações informáticas e a sua protecção, designadamente contra vírus informáticos.
2. No tocante à utilização pela Administração Pública de sistemas abertos de software[1], os serviços dão cumprimento aos objectivos inscritos no plano de acção eEurope 2002.
3. Os núcleos para a sociedade da informação existentes em cada ministério são informados de todas as medidas adoptadas em cumprimento da presente resolução.
[1] Por infelicidade de tradutores incompetentes, a directiva fala explicitamente de ''opensource'', a tradução da directiva falava em sistemas de fonte aberta, e a implementação fala de sistemas abertos (que pouco ou nada têm a ver com a intenção da directiva europeia). |
| | | por Anonimo Cobarde em 28-02-03 15:47 GMT (#7) |
| Work Flow? O meu pai é um informático funcionário público, propos algo do género à 10 anos e chamaram-lhe louco, ao fim de mais umas "maluquices" propostas por ele, puseram-no de castigo a dar formação (sim porque na função pública dár formação é considerado um castigo), algo que foi o pior que eles podiam fazer pois acabaram por aparecer, após uns tempos mais alguns "malucos", que tinham tido formação a defenderem passivamente coisas não tão "alucinadas", mas que para lá caminhavam. |
| | | | Viva!... O facto de os serviços administração pública estarem on-line é importante. Há 3 anos que submeto os impostos pela Internet e tem-me poupado tempo e chatices. Mas todos concordamos que não basta por on-line. É preciso: a) remodelar os processos que estão por trás b) conseguir que os sistemas informáticos dos vários organismos sejam interopeáveis (o exemplo de só mudares de morada uma vez e essa informação ser partilhada entre todos os organismos). Parece-me que o papel da UMIC até agora tem sido muito positivo: levantaram a discussão através de seminários pontuais, chamaram a atenção para algumas "bandeiras" importantes (largura de banda, campus wireless, eGovernment e compras online) e criaram expectativas nos intervenientes. Isso deu-lhes um capital de boa-vontade. Sou mais pessimista é com o futuro... Hoje é o dia em que era suposto ser entregue ao ministro adjunto o Plano de Acção da UMIC e adivinho que vão ser sugeridas uma carrada de concursos públicos para multinacional concorrer (Andersons, IBMs, Microsofts,..). Ou alguém conseguiu ler o documento "Mudar a máquina" da APDSI e não vê-lo como um catálogo de produtos dos membros da APDSI para UMIC comprar? "A la" Redoute... Esses concursos vão mudar estruturalmente a Adm. Pública ou a sociedade de informação? Duvido... Era necessário arriscar e mexer com alguns interesses instalados. Interesses dos empregados mais incompetentes, interesses das grandes empresas que precisam do estado para ser viáveis,etc... um pequeno passo era que para cada uma das "bandeiras" anteriores (banda, campus, eGovernment ... que eu vejo como eixos verticais) se utilizasse uma táctica (eixo horizontal) acertada. O software livre e os standards abertos seriam duas dessas tácticas. Apenas mais uma ferramenta transversal às várias "bandeiras". Sem fundamentalismos. Estamos a falar de utilizar Apache, Linux, implementações livres de LDAP, qmail / postfix artilhados, etc... Tecnologias amadurecidas e comprovadas. Se a UMIC definiu as suas "bandeiras" inspirada na (clonada da?) directiva eEurope 2005, desafio a que siga o que ela sugere em termos de software livre e standards abertos: utiliza-los, utiliza-los e utiliza-los como forma de combater os monopolios fechados, interfaces proprietários que criam dependência de um vendor e ciberterrorismo galopante. Penso que a UMIC já conhece bem o software livre através de conversas que teve com a ANSOL e com a Caixa Mágica em diferentes momentos. Mas tem medo do software livre. Não o vê como um potencial aliado mas como mais um lóbi que anda a chatear, que começa a ter algum peso e que aqui e acolá convém dar umas abébias... Uns "empatas"! Em minha opinião é pena perder a oportunidade de usar software livre para queimar "etapas" (UMIC dixit), mas são opções políticas e respeito-as. Pela primeira vez fomos formalmente ouvidos. Isso criou expectativas e quando se criam expectativas, corre-se o risco de ter desilusões. A ANSOL, a Caixa Mágica, empresas que integram soluções Linux, etc... não devem desanimar ao ver que o "tal" Plano de acção que vai ser apresentado (previsivelmente) não incentiva ao uso de software livre e standards abertos. Pela nossa parte continuaremos a tentar ser os melhores naquilo que fazemos e apresentar soluções concretas de software livre para problemas do mundo real. Isso melhorará directa ou indirectamente a Adm. Pública. Depois de tantos anos a rumar contra a maré, seria preciso mais do que um inócuo plano de acção adverso para nos desanimar. Paulo Trezentos |
| | | | | Boa tarde! Gostaria de colocar algumas questões. Julgo que pode dizer-se que, de facto, a APDSI está a “puxar a brasa para a sua sardinha” – entenda-se: para os seus associados. Mas, tendo como fonte o mesmo documento “Mudar a Máquina” (capítulo 5), podemos constatar que no resto da Europa a política que está a ser seguida também não vai ao encontro do software livre. Isto, considerando que a informação disponível é fidedigna e não foi filtrada. Assim, o problema parece não ser apenas em Portugal. Tendo em conta a actual conjuntura económica, não será bom para o país e para a nossa economia que sejam empresas portuguesas as principais intervenientes neste processo? E isto, mesmo que o software livre não seja uma prioridade? Se realmente, como refere, forem abertos concursos que favoreçam as multinacionais, então todo o processo está “viciado” e provavelmente representa apenas mais uma página no extenso álbum de recordações de uma administração pública decrépita, dominada pelo clientelismo. Is this, the meaning of life?... Ah!...It's Lear again... |
| | | | Viva! a política que está a ser seguida também não vai ao encontro do software livre. As políticas / projectos que vêm naquele documento não são genericamente baseadas em software livre, mas penso que não minto se disser que o software livre tem proporcionalmente mais impacto no resto da europa do que em Portugal (estou a lembrar-me do relatório FLOSS sobre o uso de OSS em 3 países: UK, Suécia e outro). E mesmo que a utilização fosse proporcional, esta era a nossa hipótese de criarmos vanatagens comptetitivas que permitissem diminuir o atraso. ...empresas portuguesas as principais intervenientes neste processo Ninguém discorda com isso. Mas quem tem massa crítica para ir aos grandes concursos? Mesmo Novabase e ACE / Case / Edinfor têm algumas dificuldades, quanto mais empresas médias... , forem abertos concursos que favoreçam as multinacionais, então todo o processo está “viciado” Estamos a falar de concursos em que mesmo que uma empresa outsider concorra, vai ter muito poucas hipóteses... . Eu não discordo que se façam concursos para grandes projectos pois os grandes projectos têm de existir, mas discordo que todo a estratégia se resuma a isso. |
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