"Beowulf", Numa Tradução de Tolkien, Editado nos Estados Unidos
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Sábado, 04 de Janeiro de 2003 Publicado no início de Dezembro, o volume poderá vir a ser uma das sensações editoriais do ano Uma tradução do poema épico anglo-saxão "Beowulf", feita por J.R. Tolkien, autor da trilogia "O Senhor dos Anéis", adaptada para cinema pelo realizador australiano Peter Jackson, acaba de ser editada nos Estados Unidos. O manuscrito que lhe deu origem foi descoberto há seis anos, numa biblioteca de Oxford, por Michael Drout, um académico norte-americano. As cerca de duas mil páginas escritas à mão, nos anos 30, incluem também o comentário valorativo de Tolkien áquele clássico que fala de valentia, amizade e destruição de um monstro, à boa maneira de "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", e no qual o escritor inglês se inspirou para criar as suas narrativas. A partir das regras do verso inglês, Tolkien imaginou e estabeleceu a gramática da língua imaginária dos elfos, nas modalidades "quenyan" e "sindarin", falada por personagens da trilogia como a princesa Arwen, desempenhada no filme de Jackson pela actriz Liv Tyler. A descoberta Michael Drout encontrou por acaso parte deste material, umas quantas notas encadernadas, fechadas numa caixa de papéis velhos perdida entre os arquivos da biblioteca Bodleian, em Oxford. Tolkien, catedrático de Oxford e um dos eruditos anglo-saxões do século passado, proferiu nesta mesma universidade um discurso-chave sobre o citado poema épico. Em 1936, um ano antes da edição de "O Hobbit", falou sobre "Beowulf", instando o público a lê-lo mais como um poema de extraordinária qualidade literária do que como um documento histórico. Há quem defenda que a palestra de Tolkien a propósito de "Beowulf" contribuiu de forma decisiva para a reinterpretação da sua importância, passando de "má história" a "boa poesia". Escrito na Grã-Bretanha cerca de 350 anos antes da batalha de Hastings (1066), mas com a acção centrada no território hoje ocupado pela Dinamarca e pela Suécia, o poema relata as batalhas do guerreiro Beowulf contra um monstro devorador de homens e um dragão guardião de tesouros e cuspidor de chamas. A cópia mais antiga que se conhece data do ano 1000 e está na posse do Museu Britânico. Drout, professor de inglês no colégio de Wheaton, Massachusetts, encontrou o manuscrito quando investigava o catálogo da Colecção Tolkien da biblioteca e pediu para ver um arquivo intitulado "Textos manuscritos a carvão sobre 'Beowulf': os monstros e os críticos", título da conferência proferida em 1936. "Deparei com quatro volumes encadernados no fundo de uma caixa. Comecei a folheá-los, dando-me conta de que havia encontrado um livro inteiro de material que nunca tinha visto a luz do dia", disse o professor, em estado de deslumbramento: "Ao virar uma página, descobri uma impressão digital de Tolkien numa mancha de tinta!" Publicada no início de Dezembro, nos EUA, a versão ampliada da conferência e a tradução e interpretação, linha por linha, do significado de "Beowulf", por Tolkien, poderá tornar-se num dos maiores êxitos de vendas do próximo Verão em Inglaterra.
O Chico-Esperto pensa sempre em cima do joelho, incapaz de levantar a cabeça para ver ao longe, pois tem a espinha partida e os olhos cravados no umbigo. |