gildot

Topo
Sobre
FAQ
Tópicos
Autores
Preferências
Artigos
Sondagens
Propor artigo


8/3
gildicas
9/30
jobs
10/9
perguntas
10/25
press

 
Ciberjornalismo virtual
Contribuído por jmce em 15-12-02 6:53
do departamento artigo-32
News Como toda a gente bem informada sabe, o problema central da justiça portuguesa é a falta de legislação: houvera mais e melhor Lei, e os mauzões, pequenos ou grandes, poderosos ou não, rapidamente ficariam atrás das grades. Essa é a razão porque andamos a polir alguma legislação há tantos anos sem lhe dar muito uso: temos de esperar até que esteja perfeita para finalmente a aplicarmos em toda a sua eficácia e não deixar escapar um único malandro.   Mas há quem coloque entraves à perfeição. Vale-nos então algum jornalismo de investigação mais corajoso, capaz de lembrar às massas desinformadas o caminho para a Justiça e denunciar quem o obstrui. É o caso do Expresso de ontem, com o artigo Cardona ignora luta contra ciberpedofilia, já citado no Gildot... ou não?

Faltam-me dados sobre as propostas supostamente "na gaveta" (o texto pouco ajuda), mas o feeling com que fiquei deste artigo do Expresso é que parece no mínimo haver alguma sanidade e respeito pelo Direito no Ministério da Justiça, apesar de alguma contradição com a assinatura portuguesa na convenção do cibercrime.

Se no artigo forem verdadeiras pelo menos as citações do lado do ministério, este e a ministra sobem alguns pontos na minha consideração pela postura descrita, especialmente no contexto da actual histeria colectiva pós-notícias-Casa-Pia (ainda por cima somada à outra pós-11-de-Setembro): à parte algumas chamadas à razão e ao respeito pela legalidade feitas, por exemplo, por algumas das próprias vítimas da Casa Pia e por um punhado de deputados, segue alegremente o festim do julgamento em praça pública e da exploração comercial televisiva em prime time.

Embora o texto do Ricardo Lourenço não seja um dos dedicados directamente às "cenas da vida real", alimenta-se do contexto com elas criado nos últimos dias. Na minha opinião consegue simultaneamente, qualquer que fosse a intenção do autor, enxovalhar e desinformar.

Como? Sigamos as sugestões dadas pelos títulos presentes no artigo:


Cardona ignora luta contra ciberpedofilia

O estilo enxovalhante começa logo aqui.

Que escandaleira, com que lata é que ela pode ignorar? Como é que ela não vem para a rua e se junta a nós nos linchamentos? Estamos todos, nariz apontado à TV, olhos a rolar pelo jornal, a ver com indignação de pantufas o reality show da agora Segunda Casa Mais Vigiada do País, ansiamos pela oportunidade de (certamente para reforçarmos a nossa indignação) ver mais fotos e filmes pedófilos sem precisar de procurar nos cantos mais negros da Internet (com TVI, SIC e Expresso a tratarem de fazer a entrega ao domicílio), e a Ministra da Justiça IGNORA? Como pode?

Está certamente feita com "os outros"! É mais uma cúmplice da "rede pedófila" (rede - Net - Internet)! Como é que alguém que tem a lata de pôr 300 mil crianças "à mercê de redes de crime organizado" pode ser boa pessoa?

O medo é realmente uma das melhores ferramentas da propaganda, tão forte que vou ter de acabar por me acobardar como toda a gente que diz alguma coisa fora de moda e ressalvar que até sei que a Internet não é um paraíso de boas intenções só usado para Fazer o Bem (senão levo já o carimbo de ingénuo e a leitura pára aqui). Pois é, vivi uns anos nessa ingenuidade, mas depois os ciberjornalistas do Expresso e de outros Orgãos de Prestígio chegaram à Internet, investigaram a Realidade e ajudaram-me a perceber a Verdade.

É pena que, ao passo que das crianças em risco sabemos (?) o número aproximado (300000), do número das recrutadas por redes pedófilas na Internet apenas sabemos a côr: "verdadeiramente, uma cifra negra". Como não conheço o código de cores usado pela Maria José Morgado nem pelo jornalista, fico na dúvida: 5 crianças recrutadas para pedofilia é negro, roxo ou encarnado? E 500? E 5000? E se tivesse sido uma, era um número cor-de-rosa?


Informação perdida

O estilo desinformativo do artigo vem logo a seguir. Quem vê o título "Informação perdida" poderá ficar com a ideia de que em Portugal não há nem possibilidade legal de fazer escutas a suspeitos de crime nem sítios decentes para guardar provas, que andam por aí a perder-se. Faltam leis (voilá) para punir o extravio de provas, é isso?

Dir-se-ia que o que está em causa aqui é apenas a realização de "escutas informáticas" a pedófilos, e que ninguém está autorizado a fazê-lo. Dir-se-ia, porque o indignado artigo não se digna dizer-nos muito (apesar da "urgência" do anteprojecto de lei) do que é que o bendito anteprojecto dizia, excepto que tinha qualquer coisa a ver com

necessidade imperiosa de legalizar a intercepção de comunicações e a preservação da prova digital

Mas intercepção de quais comunicações? Comunicações de suspeitos criminosos a ser investigados? Outras? Todas? Preservação de quais provas? Provas de crimes? Provas de que A falou com B pelo canal C no instante T, para todo o (A ,B, T)? O quê afinal? O chamado-jornalista Ricardo Lourenço compreende que existem diferenças? Insinua negligência ministerial em assuntos graves, cita argumentos de inconstitucionalidade do ministério como se fossem desculpas esfarrapadas de mau político, e poupa espaço omitindo dados menos vagos sobre o documento que lhe deu a lenha para pôr a ministra na fogueira?

Será porque os leitores do artigo poderiam embarcar menos na pedo-histeria se percebessen claramente que eles, junto com todos os outros utilizadores da Internet em Portugal (e não apenas pedófilos e seus cúmplices), poderiam estar entre os fulanos A e B cujos "dados de tráfego" ficariam guardados? Será, já agora, porque o mesmo valeria para qualquer telefonema? É pena que Ricardo Lourenço poupe espaço na missão de informar para aparentemente o usar na missão de difamar; mas pouco surpreende, com outros exemplos mesmo sem sair do âmbito da Impresa e sem recuar muito no tempo. É pena porque ficamos sem conhecer a salvadora proposta da PJ.

Qual é a "informação perdida"?

Apenas se pode suspeitar que qualquer semelhança com isto seria mais do que pura coincidência, até tendo em conta o contexto actual. Seria bom sabermos, até pela lusa tradição, da vénia ao que "vem do estrangeiro", se a proposta incluiria algum decalque dos desejos da Europol, como por exemplo guardar para todos os portugueses tudo o que tivesse a ver (sempre com data e hora mas, pelo menos por agora, sem o "conteúdo" da comunicação) com:

  • ligação a ISPs, username, password, endereço IP, conta bancária/cartão de crédito usados para pagar o acesso;
  • comunicações SMTP (email), endereços IP, identificadores das mensagens, endereços de email das partes envolvidas, acessos POP e IMAP?
  • a-hora de acessos FTP, endereços, usernames, passwords envolvidas;
  • acessos à WWW: endereços IP envolvidos, URLs, operações efectuadas, códigos de resposta HTTP;
  • alojamento de páginas na WWW: endereços IP, username do utilizador, etc. (etc.?!);
  • acessos NNTP (news): dados do protocolo, hosts, actividade do cliente (todos os pedidos, supõe-se), ids das mensagens enviadas;
  • IRC: duração das sessões, nicknames, endereços envolvidos;
  • telefonemas: números de origem e destino (mesmo para chamadas sem sucesso), tipo de comunicação, números intermediários em chamadas de conferência e outras, nome do assinante e nome do utilizador (nome, data de nascimento, morada), endereço para onde é enviada a factura, datas de início e fim de contrato, tipo de ligação, números para onde chamadas são redirigidas, duração das chamadas, contas bancárias e outras formas de pagamento, cópias dos contratos, natureza da telecomunicação (voz/fax/modem, ...); e, em telefones móveis, números IMSI e IMEI, identificação e localização geográfica das células de origem e destino, ...

Destaquei os telefonemas apenas porque quem pouco conhece ou reflectiu sobre a comunicação na Internet, considerando-a talvez como "cidadã de segunda" no que toca a direitos constitucionais, pode ter pelo menos sensibilidade para o que se irá passar com um meio mais tradicional.

A legenda da foto meta-pedófila incluída no artigo reza:

Os pedófilos têm na internet um espaço onde podem recrutar e traficar, sem policiamento rigoroso, imagens de abuso sexual de crianças.

Será que os pedófilos não têm outros espaços "sem policiamento rigoroso"? Como é? Também vão manter 12 a 24 meses de registos de entradas e saídas de todas as casas particulares, escolas, igrejas, estações de comboio, "etc."? Sem querer minorar a gravidade de recrutamentos e afins, lembro-me de ter sido referido que uma percentagem bastante alta do abuso sexual de crianças vinha de pessoas próximas, frequentemente da própria família. Vão policiar rigorosamente as famílias? Que mais pontos da Constituição vão ser deitados fora? Ou a pedofilia e os que são dela vítimas têm as costas largas para servirem de marketing a outros interesses de controle da Internet?


À luz da Constituição

A propósito de conhecimentos técnicos/respeito pela Internet como meio de conunicação: que Manuel Lopes Rocha, um advogado alegadamente "especialista em direito da informática" (quiçá pouco "especialista" em informática), venda o peixe visto no artigo não me surpreende. Não o digo pela pessoa em si, que não conheço de lado nenhum, mas porque cada um zela pelos seus interesses no seu nicho de mercado, e o mercado jurídico que se vislumbra na retenção de dados deve animá-lo. A Manuel Rocha só faltou dizer que Portugal é refém da sua própria Constituição, esse estorvo que talvez o impeça como "especialista" de mostrar como sabe lidar com "esse tipo" de "ciberdelinquentes intocáveis".

Mais de admirar é se Jorge Miranda tiver sido correctamente citado pelo Expresso e se tiver afirmado aquilo estando consciente dos riscos de atropelo às liberdades civis associados à retenção de dados na Europa e de que há algo muito mais vasto em jogo do que casos de pedofilia. Quanto à prevalência "das convenções sobre as leis" e a não "ferir as normas constitucionais", seria interessante ver a opinião detalhada de Jorge Miranda sobre a relação da convenção sobre cibercrime com a nossa Constituição. Quais são os limites da "interpretação com razoabilidade" das normas constitucionais? E, já agora, que dirá ele sobre o prevalecer das convenções (embora num assunto diferente), quando Portugal violar a Convenção de Genebra em coro com a União Europeia quanto ao estatuto dos refugiados?

Mas dado o nível do artigo, pode duvidar-se se este recurso do Expresso a citações de Jorge Miranda representa de forma fidedigna qualquer opinião dele neste domínio. Do pouco que vi dele, eu pelo menos tenho alguma dúvida.

A minha competência em questões constitucionais poderá ser pouco melhor do que simplesmente saber ler português. Mesmo assim, fico com a impressão de que o jornalista que denuncia a ministra por manter "legislação na gaveta" tem também uma gavetinha lá em casa onde mantém fechada a constituição desde que a comprou em saldo na Feira do Livro.

Às vezes parece, por exemplo, que a cotação do artigo 32 da Constituição anda bastante por baixo. Ainda há dias se falou aqui de como as taxas sobre suportes na legislação de copyright sugerem uma presunção de culpa universal, mas essas são "trocos" quando comparadas com outros desrespeitos que vamos vendo pelo parágrafo 2 (mesmo quando nem arguidos há), quanto mais não seja no meio jornalístico.

"Por acaso", outro parágrafo particularmente interessante do mesmo artigo diz que...

8. São nulas todas as provas obtidas mediante tortura, coacção, ofensa da integridade física ou moral da pessoa, abusiva intromissão na vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações.

Se o Ricardo Lourenço e os outros se alumiam mesmo pela Constituição, será que tudo isto não passa de uma divergência na interpretação de "abusiva intromissão"?

* * *

Fica a dúvida sobre se:

  1. ao autor do artigo e os editores do Expresso escapou completamente a evolução da questão da retenção de dados na Europa, ou, quem sabe, de alguma distinção de conceitos no espectro que vai de "acesso à investigação criminal" a "estado policial";
  2. se estão a par de tudo isso mas não vêem "abusiva intromissão" em lado nenhum, encarando o futuro com um sorriso nos lábios;
  3. ou se este artigo não passa de um projéctil para fins políticos alheios ao alegado conteúdo, sem escrúpulos em usar e desrespeitar de uma penada:
    • as vítimas de crimes de pedofilia,
    • os direitos dos cidadãos
    • e o edifício jurídico que, pelo menos por enquanto, ainda protege a liberdade de imprensa assim tão desperdiçada.

... ou tudo ao mesmo tempo. Em qualquer dos casos, não merece ser chamado jornalismo. Quando muito, aproveitando o lado "ciber", será "jornalismo virtual" no pior sentido (o de "não real"). Uma imitação barata do produto genuíno que na hipótese mais inofensiva vai servindo para preencher o espaço entre os anúncios.

Symbian OS em terminais móveis | MySQL com falhas  >

 

gildot Login
Login:

Password:

Referências
  • entrega ao domicílio
  • isto
  • contexto actual
  • desejos da Europol
  • foto meta-pedófila
  • dos riscos de atropelo às liberdades civis associados à retenção de dados na Europa
  • violar a Convenção de Genebra em coro com a União Europeia
  • artigo 32
  • evolução da questão da retenção de dados na Europa
  • Cardona ignora luta contra ciberpedofilia
  • Mais acerca News
  • Também por jmce
  • Esta discussão foi arquivada. Não se pode acrescentar nenhum comentário.
    o problema... (Pontos:2, Lança-chamas)
    por vd em 15-12-02 11:10 GMT (#1)
    (Utilizador Info) http://paradigma.co.pt
    O Expresso já nos habitou a algum parcialismo em artigos de jornalistas que deveriam ser imparciais, bem como algum desrespeito pela vida privada das pessoas ou instituições.

    Agora, está mais que na moda haver "shows da vida real" tanto nas televisões como nos jornais.

    O cerne da questão não é a constituição, as pessoas envolvidas, o jornalista, este, aquele ou outro, mas sim o factor "vendas". Se vende, coloca-se na rua com letras garrafais.

    Se não vende, bota-se fora e venha algo que meta picante e nús.

    Contudo, o jornalismo costuma ter um público alvo que ao longo do tempo desenvolve e cativa.
    Como o condutor de fim de semana que quando vai para a estrada só faz asneira, este semanário de fim de semana, por alguma pouca qualidade que possa ter nalguns artigos, por vezes faz asneira.

    Aqui, provávelmente a cadeia de "comando" editorial deveria ter entrado em acção no sentido de analisar com 4,6,8,10 olhos o artigo antes de ele vir para a rua.
    Mas muito provávelmente e como somos todos subjectiveis a opiniões e à sociedade envolvente, o que aconteceu foi um "envenenamento" de opinião.

    vd
    Expresso (Pontos:3, Esclarecedor)
    por MavicX em 15-12-02 11:39 GMT (#2)
    (Utilizador Info)
    Eu sou leitor do expresso á longos anos, mas parece que cada vez mais se está a tornar no "independente" ou pior como um "Tal e Qual"

    O que vale é a secção de economia e os artigos do Paulo Querido, que esta semana fala sobre o site hilariante a trombeta.com . E de 15 em 15 dias os artigos sempre inteligentes do Nuno Crato que esta semana fala sobre o comércio electronico.

    Pedro Esteves

    +5 Esclarecedor (Pontos:1)
    por joaobranco em 15-12-02 12:08 GMT (#3)
    (Utilizador Info)
    Que pena não poder moderar os artigos... Este merecia pelo menos um +5 esclarecedor.


    Cumps, JB

    Mais baixo é impossível (Pontos:0, Interessante)
    por Anonimo Cobarde em 15-12-02 12:52 GMT (#4)
    Estamos todos, nariz apontado à TV, olhos a rolar pelo jornal, a ver com indignação de pantufas o reality show da agora Segunda Casa Mais Vigiada do País, ansiamos pela oportunidade de (certamente para reforçarmos a nossa indignação) ver mais fotos e filmes pedófilos sem precisar de procurar nos cantos mais negros da Internet (com TVI, SIC e Expresso a tratarem de fazer a entrega ao domicílio)

    mui vero, mui triste, e a parte que me chateia mais é que as pessoas parecem gostar, nunca perdem a oportunidade de ver mais um rapazito a ser explorado em directo na tv.
    a coisa que mais me horripila é estar a jantar e ouvir gritar pela televisão a fora "PAI ABUSAVA SEXUALMENTE DA FILHA DE 8 ANOS" e depois as perguntas do costume: "Mas ouvia barulhos?", "Como é que se sente?"
    às vezes pergunto às pessoas se elas ficariam apenas satisfeitas quando vissem uma violação em directo. já não há moralidade nem pudor

    Re:Mais baixo é impossível (Pontos:2)
    por jorgelaranjo em 15-12-02 14:38 GMT (#6)
    (Utilizador Info) http://lesi.host.sk/fueg0/

    « Outra coisa que irrita é a quantidade de pseudo-jornalistas, que atrás de pseudo-histórias, arranjam pseudo-fontes, para enforcar pseudo-culpados, para poderem dar a sua pseudo-opinião, para poderem ter os seus pseudo-minutos de fama!»

    Pode ser lido no expresso desta semana:
    Amigos juntam-se com Carlos Cruz com um sub-título:
    Organizadores dizem que não é um almoço de desagravo mas uma manifestação de afecto

    «uma oportunidade para dar um abraço fraterno a alguém que foi publicamente envolvido numa situação desagradável».

    Aqui fica o link para o artigo



    Cumprimentos,
    Jorge Laranjo
    01100110 01110101 01100101 01100111 00110000
    http://fueg0.tk
    Muito bom! (Pontos:1)
    por ParadoXo em 15-12-02 14:24 GMT (#5)
    (Utilizador Info)
    Este artigo está muito bem escrito e o autor é muito perspicaz em relação à análise que faz.
    O gildot esta semana teve uma das melhores "colheitas" de sempre a nível de artigos.
    Acerca da pedofilia e o caso-casa-pia, a SIC fez um belo trabalho de investigação ao denunciar o caso, o pior foi o que se seguiu...
    ... todo o aproveitamento grátis que se fez à volta do caso, pelas várias estações de televisão, jornais e todos os que queriam dar a sua opinião para sacrificar mais uns anónimos quaisquer.
    Não interessava quem fosse, desde que existisse uma denúncia mesmo que infundada, já era caso para uma abertura de um telejornal, e mais umas cabeças a rolar...

    Outra coisa que irrita é a quantidade de pseudo-jornalistas, que atrás de pseudo-histórias, arranjam pseudo-fontes, para enforcar pseudo-culpados, para poderem dar a sua pseudo-opinião, para poderem ter os seus pseudo-minutos de fama!

    Mas como todos nós sabemos:
    a internet é a raiz de todo o mal, que antes da existência da internet não existia a pedófilia, logo internet=pedófilia, e ese é assim, acabemos com a privacidade de todos, para podermos acabar com a pedofilia, mesmo quando ela nos entra de uma forma gratuita em casa!


    Cumprimentos.

    "In order to make an apple pie from scratch, you must first create the universe."
    Carl Sagan, Cosmos
    Não há falta de legislação (Pontos:3, Interessante)
    por Astrónomo em 15-12-02 17:08 GMT (#7)
    (Utilizador Info)
    Como toda a gente bem informada sabe, o problema central da justiça portuguesa é a falta de legislação: houvera mais e melhor Lei, e os mauzões, pequenos ou grandes, poderosos ou não, rapidamente ficariam atrás das grades.
    Em Portugal não há falta de legislação. Há, isso sim, falta de controlo sobre o cumprimento da legislação existente!

    Um pequeno exemplo: é proibido estacionar em cima dos passeios, no entanto na área de Lisboa é prática corrente fazê-lo; a Polícia já não multa. Ou seja, a legislação existe, mas não é aplicada. E casos como estes há às centenas.

    ----
    aqui porque não deves utilizar IE, Outlook, Windows Media e Messenger.

    Re:Não há falta de legislação (Pontos:2)
    por jmce em 16-12-02 0:37 GMT (#19)
    (Utilizador Info) http://jmce.artenumerica.org/
    Como outros já sugeriram, isso da "falta de legislação" não era exactamente a sério...
    Fechem-se os CTT! Já! (Pontos:2)
    por mvalente em 15-12-02 19:44 GMT (#10)
    (Utilizador Info) http://www.ruido-visual.pt/
    Como é? Também vão manter 12 a 24 meses de registos de entradas e saídas de todas as casas particulares, escolas, igrejas, estações de comboio, "etc."?

    Acabei há pouco de ler o Expresso. E agora de ler este post. Nos 2 momentos ocorreu-me o mesmo pensamento: e como os pedofilos usam mesmo é o correio para enviar fotos, contactos, listas, etc, é suposto a solução nesse caso ser o quê ? A fotocopia do frontispicio de cada item de correspondencia armazenada durante uns meses ? E já agora, porque não abrir as cartinhas e fotocopiar tb, just in case ?

    Uma obvia estupidez, de jornalistas que ou pouco se informam ou pouco percebem. Já no seguimento do famoso "talvez se possam proibir esses browsers", tb no Expresso.

    Cumprimentos

    Mario Valente

    Re:Fechem-se os CTT! Já! (Pontos:1)
    por lbruno em 15-12-02 23:14 GMT (#16)
    (Utilizador Info) http://click.here.for.something.useful.yi.org/
    Uma obvia estupidez, de jornalistas que ou pouco se informam ou pouco percebem. Já no seguimento do famoso "talvez se possam proibir esses browsers", tb no Expresso.

    Copiando e Pastando:

    Ordem dos Médicos não sabia de nada

    O bastonário foi de tal forma apanhado de surpresa que garantiu ir «contactar os consultores na área da informática para ver o que se pode fazer e informar os ministros da Saúde, Justiça e Ciência e Tecnologia». O médico acredita que «talvez se possam proibir estes 'browsers'... tecnicamente não percebo muito de Internet».

    Preocupante e' pensar que este senhor seja capaz de dar a sua opiniao assim tao livremente, sem ser capaz de parar para pensar...

    Talvez o excelentissimo doutor devesse ler aquele ensaio do PLS acerca da arte esquecida de dizer "Nao sei"


    Cheers,
    Luis Bruno

    E se nós lutássemos contra este flagelo? (Pontos:2)
    por Andrade em 15-12-02 22:15 GMT (#12)
    (Utilizador Info) http://www.war-zone.net
    E porque não?

    Porque razão não havemos de colocar as mentes brilhantes que por aqui passam a lutar contra a Ciberpedofilia?

    Porque razão não havemos de desmascarar redes que existem na Internet, e TODOS sabem que elas estão cá. Não seria mais fácil arrebentar com estes sites nojentos? Será que não existe coragem suficiente para arrebentar com eles?

    Se eu tivesse um filho que tivesse sido molestado pelos BiBi que existem em Portugal e em todo o mundo, acreditem que lutaria a minha vida inteira para o esfolar até à morte. Para estes canalhas apenas existe uma solução: Pena de morte.

    Sou católico, mas aqui não posso admitir nenhuma misericórdia. Por amor de Deus, são crianças que estamos a falar!

    Deixem as televisões colocarem todos os nomes de ex-ministros, futebolistas, jornalistas, padres, o quer que tenha sido, à nossa frente e depois metam-nos numa praça à frente do povo.

    Mas infelizmente as leis do nosso país são brandas...

    Mata-se uma pessoa, apanha 25 anos de prisão no máximo, com administias e bom comportamento ao fim de 15 - 10 anos está cá fora.

    Re:E se nós lutássemos contra este flagelo? (Pontos:2)
    por vaf em 17-12-02 17:27 GMT (#25)
    (Utilizador Info) http://students.fct.unl.pt/users/vaf12086/
    Bravo! Bravo!

    Viva a pena de morte, viva as famílias de bem, vivam os linchamentos, viva a justiça popular, viva a censura e a santa inquisição. Fora a declaração Universal dos direitos do Homem, o direito e os políticos, fora os comunistas, os homosexuais, os ateus e os drogados. Era matá-los a todos. Ah, e viva os touros de morte!

    Ou como uma senhora que há uns tempos apareceu na tv, "Pedófilos? Era cortar-les o pén rentinho!".

    Por amor de (do vosso) Deus! Tenham juízo e pensem um bocadinho mais além, que o Deus/Natureza/acaso deu-vos essa possibilidade.

    Um país bom para ti? Serra Leoa... menos branda...

    Ou então o Texas...

    (Reminder: please make sure you understood before replying.)
    Re:O que te impede? (Pontos:2)
    por Filipe em 15-12-02 23:26 GMT (#17)
    (Utilizador Info) http://www.mamasumae.net/
    Concordo inteiramente, convem pensar um pouco antes de falar.
    Pelo contrário... (Pontos:2)
    por ajc em 15-12-02 22:49 GMT (#15)
    (Utilizador Info)
    Parece-me óbvio, e os factos tem-no demonstrado, que a Internet é um bom terreno de caça para para os pedófilos, mas é principalmente um bom meio para a caça aos pedófilos.

    Se houver polícias inteligentes, nada pode impedir que esles se infiltrem nas redes pedófilas, ou se façam passar por crianças inocentes nos chats de modo a conseguir ser aliciados por um pedófilo. Creio que a maior parte das prisões que têm ocorrido no mundo todo resultam destas técnicas.

    A Internet é a melhor forma ainda inventada de detectar e prender pedófilos.

    Entretanto o artigo do Expresso só pode, como diz o jmce, fazer melhorar a nossa opinião sobre o bom senso do Ministério da Justiça.

    Re:Pelo contrário... (Pontos:2)
    por leitao em 16-12-02 0:43 GMT (#20)
    (Utilizador Info) http://scaletrix.com/nuno/
    Se houver polícias inteligentes, nada pode impedir que esles se infiltrem nas redes pedófilas, ou se façam passar por crianças inocentes nos chats de modo a conseguir ser aliciados por um pedófilo. Creio que a maior parte das prisões que têm ocorrido no mundo todo resultam destas técnicas.

    Curioso que digas isso -- da ultima vez que se discutiu isso aqui no Gildot foi em geral considerado "imoral" e "injusto" (para o pedofilo). Talvez agora as percepcoes mudem.


    "Monogamy is for guys that can't get pussy." --Steve-O.

    Re:Pelo contrário... (Pontos:1)
    por pedro em 17-12-02 3:38 GMT (#24)
    (Utilizador Info)
    será sempre injusto e imoral... é curiosa a aplicaçã0 de 2 pesos e 2 medidas: se estivr na prateleira de cima de um posto da shell, tudo bem, se estiver na internet é hedionodo...
    -- bgp is for those who can't keep it static long enough
    Re:Pelo contrário... (Pontos:2)
    por jmce em 16-12-02 11:18 GMT (#23)
    (Utilizador Info) http://jmce.artenumerica.org/

    Quanto à exposição na Internet, o "saber onde eles andam", há quem chame a atenção para isso também em contextos como o do neo-nazismo: passar legislação de censura, como cláusulas contra "hate speech" que acabaram por entrar na convenção de ciber-crime, levanta problemas graves de liberdade de expressão e ao mesmo tempo nada resolve dos problemas. Num ambiente de liberdade de expressão as pessoas acabam por falar mais à vontade dando mais pistas, e se acabarem por passar de discurso violento a actos violentos pelo menos em alguns casos a própria Internet pode ser como bem referes não apenas uma forma de os descobrir mas também um terreno valioso para investigação mais activa.

    A Internet não é apenas valiosa como ferramenta para os vilões: também o pode ser para quem os persegue, sem isso exigir necessariamente a violação do que antes eram considerados direitos dos cidadãos.

    O Bruce Schneier está a trabalhar num novo livro que parece talhado para nesta época de paranóia ser oferecido à ministra da justiça, e mais em geral a qualquer político com cargos no domínio da segurança:

    We are being told that we are in graver danger than ever, and that we must change our lives in drastic and inconvenient ways in order to be secure. We are being told that we must give up privacy or anonymity, or accept restrictions on our actions. We are being told that the police need new investigative powers, that domestic spying capabilities need to be instituted, and that our militaries must be brought to bear on countries that support terrorism. What we're being told is mostly untrue. Most of the changes we're being asked to endure don't result in good security. They don't make us safer. Some of the changes actually make things worse.

    My new book, still untitled, is a book about security. Not computer security, but security in general. Its goal is to teach readers how to think differently, how to tell good security from bad security, and to be able to explain why. Its goal is to instill in readers a healthy skepticism about security, especially the technologies surrounding security. Its goal is to convince readers that good security is about people.


    sobre Manuel Lopes Rocha (Pontos:1)
    por p0et em 16-12-02 1:04 GMT (#21)
    (Utilizador Info) http://www.rnl.ist.utl.pt/~tisf
    Só uma breve opinião: para que não caiamos tb num "estilo enxovalhante", como o que pretendemos criticar no artigo do Expresso, tb acho que não se deveria fazer ataques do género que se fez a Manuel Lopes Rocha, que embora o autor do artigo (este do gildot), tenha o cuidade de realçar "Não o digo pela pessoa em si, que não conheço de lado nenhum".

    Afinal fazendo uma pesquisa rápida no google, até fiquei com a impressão, que o sr. já me parece andar nestas coisa à alguns anos

    (ver por exemplo http://www.centroatl.pt/internet.98/mlrocha.html)

    Só porque é fácil não sermos levados a sério quando somos apanhados a usar as mesmas técnicas de quem criticamos.

    Re:sobre Manuel Lopes Rocha [e a BSA] (Pontos:2)
    por jmce em 16-12-02 10:57 GMT (#22)
    (Utilizador Info) http://jmce.artenumerica.org/

    Palavras sensatas... E no meio de alguma palha minha também acaba muitas vezes por surgir alguma pedrada mais injusta. Insisto mesmo assim que andar nas "coisas" do direito informático muitos anos não dá a automaticamente a todos os que o fazem sensibilidade para compreender da informática mais do que o respectivo direito (e mesmo aí a parte que mais interessar na actividade desenvolvida). E também pouco garante por si só sobre a qualidade do respectivo comportamento nesse âmbito, excepto talvez a quem melhor lhes conhece a prática ao longo desses anos (o que não é o meu caso em relação ao visado)

    Retiremos então a gratuita palavra "alegado" detrás de "especialista de direito informático". Independentemente da especialidade, o único elemento que tinha podido ver vindo do especialista foram as afirmações reproduzidas no Expresso. Num artigo daqueles, não sei bem até que ponto supôr que as citações sejam fidedignas. No caso de serem, para mim pareciam indicar ou alguma ignorância técnica ou algum puxar de brasa a sardinhas no terreno profissional.

    Originalmente apenas pensei no interesse que um contexto como o da convenção do cibercrime tem para os advogados da área em termos de oportunidade de trabalho, mas a informação para que me chama a atenção acrescenta alguns elementos interessantes. Para além de ter publicado livros sobre direito do "ciber-espaço", Manuel Rocha parece ser...

    "Profissionalmente, consultor jurdico da [...] Business Software Alliance."

    Ora um tal cargo pode facilmente levantar mais e não menos dúvidas do que antes sobre o desinteresse com que Manuel Rocha poderá ter contribuído para uma "clarificação" de pontos de vista legais nesta notícia no Expresso... tendo em conta o interesse e o aplauso da BSA relativamente à convenção sobre cibercrime, no âmbito dos quais parece longe de ser novidade o recurso à pornografia infantil como elemento de propaganda.

    Assim, voluntaria ou involuntariamente, Manuel Lopes Rocha acabou por participar nesta história com um papel que poderíamos chamar de "relações públicas" face aos interesses do seu cliente BSA. Não tenho grande interesse nem capacidade para julgar até que ponto isso terá sido intencional. Mesmo que fosse intencional, não há motivos para impedir que alguém que trabalhe para uma parte comercialmente interessada na aprovação de leis dê a sua opinião na imprensa... mas ficaria bem fazê-lo deixando claras as relações relevantes com os vários interesses em jogo.

     

     

    [ Topo | FAQ | Editores | Contacto ]