Esta discussão foi arquivada. Não se pode acrescentar nenhum comentário. | MHO (Pontos:3, Interessante) |
| | Eu acho que basicamente a geração X portuguesa tem neste momento um problema de sobre-endividamento (ele é a casa, o carro, o cartão de crédito, o crédito pessoal) e se fica sem emprego... chapéu.
Da realidade portuguesa à americana, vai um grande passo, mas mesmo salvaguardadas as respectivas proporções acho realmente que muita gente pode estar a passar um mau bocado.
Contudo, neste momento, preocupa-me muito mais o futuro do meu filho de 4 anos que de certeza vai ter uma vida bem mais complicada do que a da geração X.
Numa altura em que os jovens (principalmente os com mais habilitações literárias) estão a sair de casa dos pais aos 30 anos e mais por falta de condições para poderem ter uma vida independente, como será daqui a 20/25 anos ?
Preocupa-me pois saber como educar o meu filho por forma a prepará-lo para o que há-de vir. E é precisamente isso que me angustia: não saber exactamente como educá-lo da melhor forma; não saber *hoje* os desafios que ele vai ter que enfrentar. Sinto-me um pouco no mato sem cachorro em relação a isto.
Em resumo... Eu por mim já tenho a minha vida organizada. Preocupo-me com o futuro do meu filho.
Mário Gamito www.gamito.org |
| | | | | Preocupa-me pois saber como educar o meu filho por forma a prepará-lo para o que há-de vir. E é precisamente isso que me angustia: não saber exactamente como educá-lo da melhor forma; não saber *hoje* os desafios que ele vai ter que enfrentar. Sinto-me um pouco no mato sem cachorro em relação a isto. De certa forma, ninguém sabe. Os nossos pais também não sabiam como é que iam ser as nossas vidas, ou os nossos futuros.... e de certeza que os meus pais, por exemplo, não sabiam que eu ia ser sysadmin quando eu tinha 4 anos (aliás, nem sabiam o que isso era, e às vezes duvido que mesmo hoje saibam... :) but I digress). Por muito "vago" que seja dizer isto, a única coisa que se pode fazer (tanto como pais, o que eu ainda não sou, como como pessoas, o que eu sou pelo menos nas horas vagas :) ) é adaptarmo-nos ao que aí vier, e fazer "o nosso melhor". Eu sei, não disse nada de trascendental ou profundamente sábio...
"To underestimate one's self is as much a departure from truth as to exaggerate one's own powers" - Sherlock Holmes |
| | | | Eu empatizo com o problema exposto pelo Gamito, apesar de não ser pai, e acho que estás a racionalizar demais, o que te faz afastar do ponto fundamental. O grande problema é que os nossos pais acreditavam, em função da sua experiência de vida até à época, e aos acontecimentos que atravessavam, que, a menos que viesse a Bomba, a vida dos seus filhos seria melhor do que as deles. E a grande angústia de hoje é que, na generalidade, começamos a viver pior de que os nossos pais. O nosso grande medo é esta perspectiva de que os nossos filhos viverão pior ainda. E isto quando já saiu da equação mental colectiva a Bomba. |
| | | | Não me parece que os nossos filhos vão viver pior que nós. Ainda não atingimos o nível de desenvolvimento para começarmos a regredir. Acho que o grande problema é mesmo com o nosso futuro, porque está a sair 11% do nosso ordenado para um sistema de Segurança Social que ninguém sabe se haverá daqui a 30 ou 40 anos. Isso depende da competência dos senhores governantes... Eu espero que haja bom senso e não matem a Segurança Social.
PedrOliveira |
| | | | Pois, mas não são 11%, mas sim 25%. Esqueces-te do que a empresa paga por ti. O maior problema da SS foi ter sido sucessivamente utilizada como um saco azul por muitos governos, e não saber gerir os seus recursos imobiliários. -- |
| | | | E claro, terem colocado a SS a pagar a quem não trabalha só para caçar votos e fazer um segundo mandato. -- |
| | | | Raios, ando mesmo esquecido. 11%+23% da empresa dá 34%. Agora somam aos impostos que vocês pagam e que a empresa paga, e vejam quando o estado mama ao fim do ano. -- |
| | | | Começo a achar que o Medina Carreira tem razão quando diz que os portugueses deviam fazer uma greve ao pagamento dos impostos.
Jazzy |
| | | | Porque tu achas que não estamos a regredir? Olha, eu, pela parte que me toca, tenho o realismo de saber que vivo pior que os meus pais. Claro que faço parte daqueles que não têm meios de fortuna para herdar... que penso ainda serem a maioria da população... |
| | | | Pois, então tenho mais sorte do que tu... e do que os meus pais! Não comecei a trabalhar aos 12 anos, consegui acabar um curso universitário, consegui comprar casa antes dos 30, ganho mais do que o meu pai e a minha mãe juntos, tenho um carro mais novo que o carro dos meus pais... e também não vou herdar nenhuma fortuna como os meus pais não herdaram... E penso que os meus filhos poderão dizer o mesmo em relação a mim daqui a 30 anos. Isto porque nós temos esse tempo de atraso em relação ao resto da Europa! Mas isso também depende da qualidade dos governantes que vamos ter! (o que pela amostra, actual e anterior, não é animador... mas a esperança é a última a morrer)
PedrOliveira |
| | | | Eu também não comecei a trabalhar aos 12 anos. Nem aos 16 anos, como os meus pais. Não era nesse sentido que eu estava a falar. O que é um facto é que os meus pais, em poucas décadas, conseguiram atingir, á custa de trabalho, e do progresso das condições sociais, um nível de vida que lhes proporcionava férias todos os anos, automóvel (ainda que inicalmente fosse um mini e trocassem de carro de 10 em 10 anos) e proporcionar educação universitária aos filhos. Em comparação, eu, com um curso de engenharia, a poucos anos de fazer 30, só tenho trabalhos que duram em média 10 meses, não posso sequer pensar em comprar carro, nem casa, há muitos anos que não faço férias, trabalho como um camelo e a minha vida não progride nada. Como sei que não sou uma ave rara, uma vez que conheço dezenas de pessoas como eu, não posso estar optimista em relação às perspectivas "dos meus filhos" daqui a 30 anos. Que aliás, neste momento, nem sequer posso perspectivar ter. De qualquer forma, como não sofro de inveja, cumprimento-te por teres conseguido tudo isso antes dos 30. Mas não tomes o teu caso pessoal como paradigma de todos os jovens deste país. Ou sequer da maioria. |
| | | | Claro, o problema não está nos valores que lhe devo incutir. Esses eu conheço-os. O problema está em como os incutir.
Mário Gamito www.gamito.org |
| | | | O "como" é o problema de todos os pais... não estás sozinho nisso.
"To underestimate one's self is as much a departure from truth as to exaggerate one's own powers" - Sherlock Holmes |
| | Re:MHO (Pontos:3, Interessante) |
| | A parte dos valores só chega na adolescência. E é nessa altura em que eles são mais rebeldes e geralmente "contra" os valores dos pais. Aí sim... é um verdadeiro desafio incutir valores. É preciso muita finesse para incutir sem parecer forçar... ;) Até lá, não te preocupes demais e diverte-te com o teu filho... porque eles só são crianças uma vez. :) |
| | Re:MHO (Pontos:3, Interessante) |
| | Por isso mesmo se devem "incutir" antes das adolescência assim quando lá chegarem já os têm e já não é tão difícil "incuti-los" (não gosto muito da palavra incutir, porque dá ideia de algo que se deve obrigar à força toda e acho isso errado) Não sei se em todas as espécies, mas pelo menos nas que conheço, as crias têm tendência a imitar os progenitores. E os seres humanos não são muito diferentes neste aspecto. Acho que a melhor maneira de "transmitir" os valores aos nossos filhos é proporcionar-lhes um ambiente em que estes existam, logo desde pequenos, pois mesmo que na altura eles não tenham a consciência do que são os valores, de certa forma vão adquiri-los (por imitação) e mais tarde quando chegarem à adolescência já os têm (pelo menos já têm umas luzes, mesmo que estejam um bocado apagadas). Já diz o velho ditado... "de pequenino é que se torce o pepino" :P E as brincadeiras também são uma boa forma de transmitir conhecimentos, eu lembro-me de quando era miudo e via os desenhos animados, havia sempre aquela questão moral, e os bons da fita eram os que tinham valores e normalmente ganhavam no fim, fruto disso mesmo. Isto na adolescência pode parecer um bocado "treta", mas na infância acho que tem muita influência e que se manifesta mais tarde. Não acho que seja preciso pensar muito na forma como transmitir isto aos nossos filhos, acho que basta agir de acordo com os valores que defendemos nas situações do dia a dia, para não cair naquele velho dizer popular "faz o que eu digo, não faças o que eu faço". Se praticarmos o que pregamos as coisas tornam-se mais fáceis.
Cumprimentos, Bruno Gravato.
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| | | por Anonimo Cobarde em 11-10-02 9:05 GMT (#2) |
| Uff.... Nasci em 76! hip, hip! |
| | | | Eu curto bastante essa expressao "Geracao Rasca"... Agora o que isso nos pode levar a pensar ? Mais rasca ainda e' a geracao anterior que nao foi capaz de impedir que nos fossemos "rasca"... E' o unico argumento.
-------------------------------------------- If there is such a thing as too much power... I've not discovered it.../I |
| | | | | A minha memória para estas coisas não é muito boa uma vez que era muito novo, mas penso que a Geração Rasca de que falas é a geração seguinte que nasceu mais ou menos entre 75 e 80 (embora pelos vistos para efeitos gerecionais seja contado de 76 a 85 ... não sei quem é que manda nestas coisas, se calhar é a Fortune *g*). O que eu me referi no artigo era uma Geração àRasca. À rasca principalmente com os empréstimos que tem que pagar ao banco e com o ordenado ao fim do mês que não tende a aumentar. "Se vi mais além do que outro, é porque estava nos ombros de gigantes." Sir Isaac Newton
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| | | | E essa mesma Geração Rasca (da qual, teoricamente, faço parte) não vai deixar de ser rasca simplesmente porque culpa a geração anterior de não a ter educado correctamente, se não são rascas só têm que o provar e isso faz-se com trabalho e empenho e não com desculpas esfarrapadas do género: Mais rasca ainda e' a geracao anterior que nao foi capaz de impedir que nos fossemos "rasca"... Não é a rebolar no lodo, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar - Aldous Huxley |
| | | | hmmm... e quem inventou a etiqueta do "rasca"? por acaso não foram os mesmo hippies que depois inventaram o "politicamente correcto"? Grumpy B)
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| | | por Anonimo Cobarde em 11-10-02 9:33 GMT (#7) |
| Que se devia institucionalizar o optimismo. Raios e coriscos! Deveria ser obrigatório pagar impostos sobre o pessimismo. Quanto se pouparia em saúde ou quanto se ganharia em produtividade? Será que o Bagão já pensou nisso? Trabalhei para um homem que ganhava milhares de contos por mês e cada vez que comentava com um cliente a situação actual, franzia um olho e dizia "pois isto está mau...". Quantos de vocês ouvem esta lenga lenga hoje em dia? Porra... Há quantos anos é que isto está mau? Desde sempre não? Vocês sabiam que o lince ibérico está em grave risco de extinção? Esse sim deve estar preocupado. Ou até não, porque não tem consciência do facto. Já tomei as gotas hoje? |
| | | | | A verdade é que o modelo sócio-económico actual está obsoleto e devia estar em vias de extinção. O que se passa nos U$A (que anda sempre à "frente" em tudo) é um bom exemplo disso. Em Portugal, ouvimos todos os dias as queixas dos jovens licenciados a reclamar por empregos (e com razão) mas no entanto, para dar empregos a todos os jovens é preciso reformar os mais velhos ainda mais cedo. Só que ao fazer isso, o Estado vai ter que suportar essas pessoas durante quase tanto tempo como os anos que a pessoa esteve a descontar. É um ciclo vicioso e com um crescimento exponencial. As pessoas cada vez vivem mais tempo e cada vez mais dependentes de medicamentos e operações dispendiosas. Então podem dizer "se eles vivem mais tempo, então que trabalhem mais tempo". Pois... mas o mercado não funciona ao ritmo do crescimento da população, ao fazer isso ia-se deixar ainda mais jovens até aos 30 anos (e mais!) em casa dos pais, simplesmente porque não encontram emprego para sustentar uma habitação própria... nem motivação. Resta saber o que se pode fazer para contrariar este destino fatidico, antes que ele atinja o ponto critico e começemos a assistir em Portugal (e noutros locais) a situações como à que se passou e passa na Argentina. Talvez o problema seja intrinseco às falhas do capitalismo e à falta de adaptação ao modelo de S.S. actual. O aumento do fosso entre os ricos e os pobres propaga-se para a terceira idade. E enquanto temos alguma cidadãos séniores a jogar golfe todos os dias e a fazer cruseiros em barcos de luxo, temos outros a viver com 200 euros por mês e a gastar 250 em medicamentos. E ambos sacam €€€ ao resto do país! Por isso é que o modelo de depêndencia de terceiros é muito perigoso. Atinge-se o conformismo e espera-se que sejam os outros a fazer tudo por nós. Ao mesmo tempo, o capitalismo corporativista convida-nos a fazer parte do rebanho e a ser mais uma formiguita. E quando já não precisam de ti, é se descartado como uma peça de hardware velha... nesse altura aparece a correr a SS a dar-te razões para não te suicidares e a oferecer-te um "prémio" pelo trabalho que fizeste em vida. No entanto, tu não estiveste a contribuir para a sociedade ou para a melhoria do teu país. Apenas estiveste a enriquecer os ricos e dar lustro à classe politica. É neste clima de constante medir de forças entre a direita e a esquerda que tem que viver a pessoa normal. E cada vez mais, vai perdendo as liberdades que ganhou com a democracia... "democracia" que nunca passou de uma ilusão para evitar que a formiguita não reclamasse (muito) da sua sina cruel. O futuro vai ser dificil? Muito. Sempre foi dificil? Sim. Mas chega sempre um ponto onde estoura. E na História da humanidade nunca houve um único século que não tivesse uma grande guerra... Guerra? - perguntam vocês. O que a guerra tem a ver com o assunto em discussão? Bem, sempre foi uma estratégia utilizada com sucesso para inverter politicas e modelos sociais. Quando um governo e uma nação atingem um ponto de ruptura, tenta-se desviar a atenção da população e tentar dirigir o descontentamento para uma guerra civil ou então a uma guerra com uma nação "culpada". No fim, existe uma aparente modificação mas os ricos e os poderosos continuam sempre no mesmo sitio (mesmo que não sejam as mesmas pessoas) e uma guerra sempre dá para eliminar algum excedente de população. (ps: desviei-me do tema? paciência!... a culpa é da Internet que me globalizou demais :P) |
| | | | | O que a guerra tem a ver com o assunto em discussão? Bem, sempre foi uma estratégia utilizada com sucesso para inverter politicas e modelos sociais. O que explica o comportamento do Sr George W. Bush, não é? (Não deixaste de estar on topic)
Cheers, Luis Bruno |
| | | | an american is a canadian without a social security plan and a gun in his hands por esta europa fora tb se assiste ao decrescimento dos nados de um pais. Mas modelos nordicos sao exemplos a seguir, como tb o é o exemplo canadiano.
...no reino de Quelthalas... im awake, im awake! |
| | | | | Bom, tendo vivido no Canada posso-te dizer que o modelo Canadiano (semelhante ao Europeu) tem os seus problemas -- Sendo o maior o facto da populacao estar a envelhecer rapidamente, e o numero de imigrantes a entrar nao ser suficiente para cobrir a desinflacao da populacao. Nos USA pelo contrario a populacao esta' a envelhecer muito mais lentamente, e a imigracao compensa esse envelhecimento pelo que a economia e' regenerada. Nao me supreenderia se daqui a 20 anos as condicoes sociais nos USA forem melhores que as na Europa e paises com modelos sociais semelhantes como o Canada. "Monogamy is for guys that can't get pussy." --Steve-O.
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| | | | Nao me supreenderia se daqui a 20 anos as condicoes sociais nos USA forem melhores que as na Europa e paises com modelos sociais semelhantes como o Canada. Se a política dos USA não se alterar, com uma transformação tão forte como foi o New Deal no século XX, então daqui a 20 anos vais estar muito surpreendido... a não ser que ganhem os Bagões e a Europa e o Canadá regridam.... |
| | | | Hammm?!?!? "Monogamy is for guys that can't get pussy." --Steve-O.
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