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| A falácia que colocou as empresas na falência | | | | Contribuído por npf em 03-10-02 9:45 do departamento dotcoms | | | | | | | vd escreve "No Jornal de Negócios vem um artigo do WSJ que afirma ter havido uma falácia que levou as empresas dotcom à falência.
"De todos os mitos que impulsionaram o boom da tecnologia nos anos 90 - as pontocom eram óptimos investimentos, a Nova Economia parecia estar longe de uma recessão, e as pequenas firmas de telecomunicações conseguiam ombrear com os poderosos gigantes do sector -, o que causou mais estragos pode ter sido a falácia de que o tráfego da Internet duplicava de três em três meses."
| | | | | | "O que sucedeu foi basicamente uma previsão de crescimento de 1000% ao ano de tráfego de internet, o que levou as empresas a investirem em estrutura s para suportar este tráfego. Até o Departamento do Comércio dos Estados Unidos num relatório de 1998 disse que "0 tráfego da internet, duplica de 100 em 100 dias". "Hoje os analistas acreditam que o tráfego da Internet cresceu, na verdade, perto de 100 por cento por ano, o que reflectiu uma sólida taxa de crescimento, de qualquer forma, mas que, no entanto, não chega nem perto de ser suficientemente rápida para utilizar todos os milhões de quilómetros de cabos de fibra óptica que foram instalados debaixo das ruas e oceanos no frenesim do final da década de 90. Nos EUA, somente 2,7 por cento dá fibra óptica instalada está de facto a ser utilizada, de acordo com a Telegeography Inc. Boa parte da fibra remanescente – chamada "fibra escura" na linguagem do sector - vai permanecer inactiva durante muito tempo."
"O crescimento real do tráfego nunca se aproximou dos mil por cento ao ano", diz Vini Cerf, um dos arquitectos pioneiros da Internet e também um dos directores da WorldCom."
Será isto que aconteceu também em Portugal, ou foi o poder da PT que afundou as dotcom que entretanto fecharam ?" < GUI Toolkits | Pequeno erro em firma financeira > | | gildot Login | | | Referências | | |
Esta discussão foi arquivada. Não se pode acrescentar nenhum comentário. | | | Esse facto e' tao velho, tao velho que nem me admira ter saido no Jornal de Negocios. "The Hog is Saint and Sinner and right up front!"
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| | | | Em 98 quando fui dizer umas mentiras ao ISP Forum tive a oportunidade de ouvir o CTO da UUnet a proferir o já famoso "If you're not scared, then you don't understand" precisamento no mesmo dia (terceiro) em que fazia a minha apresentação. Mais: o George Gilder, que no seu livro Microcosm previu correctamente a explosão da micro/electronica/informatica, prevê a mesma coisa no "Telecosm". Pergunta: estarão errados ? Não me parece. Acredito mais nas previsões deles do que nas tolices ditas pelos "Wall Streeters" deste mundo. Variados estudos apontam no mesmo sentido. Onde está a falácia então ? Precisamente nos "Wall Streeters", nos gajos das gravatas, nos business bullshitters. Não é falha da tecnologia nem dos tecnologistas nem das estatísticas. Foram falhas graves em business terms. Eu, pessoalmente, destacaria uma razão: assim como a abundancia dos processadores levou ao seu abaixamento de preço ou, alternativamente, ao aumento do seu poder mantendo o preço, também deveria ter acontecido o mesmo com a largura de banda. E isso não aconteceu. Os operadores olharam para as estatisticas e construiram infraestruturas (fibra, etc) para esses crescimentos. Mas esqueceram-se de *baixar* o preço. Esqueceram-se que a *comoditização*, para acontecer, obriga a uma baixa de preços. E por um lado a ganância (which is good...) e por outro a estupidez (which is bad) levou a que nao fosse vendida mais banda, mais fibra. Os "dilberts" queriam e preferiam vender 10 por $1000 do que 1000 por $10. E lixaram-se. Tiveram enormes custos mas depois viram os proveitos por um canudo. Há uma excepção: o caso dos "Internet Grátis"; mas este, por definição, leva à falência qualquer um. Cobrar pouco é uma coisa; cobrar *zero* é estupido. As estatisticas, portanto, estao correctas. Nao sao falacia nenhuma. As infraestruturas foi construida e esto lá. Nós é que continuamos a gramar com altas latencias e baixos débitos porque os "dilberts" continuam a preferir "rentabilizar" os custos (leia-se: chular o maximo possivel a poucos) em vez "abrirem as comportas" e ganharem um preço justo e um lucro menor mas com milhoes de utilizacoes e utilizadores. What would you do if bandwidth was (nearly) free? Cumprimentos Mario Valente |
| | | | | Concordo com algumas coisas que dizes, mas nao tudo. Apesar de tudo a largura de banda tem um custo, e esse custo nao e' assim tao baixo como parece. Claro que houve alguma ganancia, por exemplo, a MCI/Worldcom (que na altura ainda era a UUNET) acrescentou num so' mes (Dezembro de 1998) 800Mbits de capacidade entre o atlantico sem baixar significativamente os precos de acesso ao trafego. Mas, crescer capacidade a 15% por mes nao e' barato e os precos apenas podiam descer lentamente (e repara que de facto desceram entre 1998 e 2000). Claro que entretanto veio o "burst" da bolha, e de repente toda a gente se viu com capacidade a mais e poucos clientes, negando os beneficios do aumento da capacidade. Logo nao acho ter sido uma questao de ganancia ou falta de visao dos "Wall Streeters" -- foi mais o acrescimo da capacidade imediatamente antes da desaceleracao da economia... mau timming :-). "The Hog is Saint and Sinner and right up front!"
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| | | | Alguns comentarios rapidos: - a largura de banda tem um custo; como um Pentium tem; o facto e' que os Pentiums ou descem de preço ou mantêm o preço mas dobram a velocidade; isto não aconteceu com a largura de banda. Por ganancia (OK with me) e por estupidez.
- a MCI é a MCI, a WorldCom é a WorldCom e a UUNet é a UUNet. Nenhuma se tornou na outra. Quando muito a Pipex (UK) passou a ser UUNet. A UUNet existiu e continua a existir como entidade autonoma, pertencente claro à MCI/Worldcom.
- Quando o trafego estava a crescer e a capacidade estava a ser aumentada nao havia nenhum burst, nem nenhuma desaceleracao economica, nem nenhuma crise financeira/bolsista. Nao concordo por isso que tenha sido um problema de timing. Foi de estupidez conjugada com a ganancia (que, reitero, para mim é uma coisa boa; a conjugacao com a estupidez é que dá maus resultados). Como havia trafego e QED procura ("demand") construiu-se a infraestrutura; mas, como não se baixou os preços, o volume de vendas não veio; as expectativas financeiras/bolsistas, dada essa "falta de vendas", sairam goradas e criou-se uma crise financeira (e nao economica); a economia, que mesmo com o burst e com a crise financeira até estava a ir bem, entrou finalmente em crise por via do pessimismo, das fraudes e dos EUA terem entrado em guerra.
Nao concordo portanto que as dotcom foram prejudicadas por mau timing e pela desaceleração da economia. Pelo contrario, acho que foram elas que, por via dos erros cometidos (ie falta de comoditização e satisfação da procura), criaram uma crise financeira que pouco tempo mais tarde ajudaria a gerar a actual desaceleração economica. Cumprimentos Mario Valente |
| | | | Há umas semanas tropecei neste artigo no DN (suplemento Negócios): Números dos EUA: obra-prima da desinformação. Isto fala de coisas que eu nunca tinha ouvido... mas na verdade eu também não tenho acompanhado muito profundamente estes temas. No entanto fica a dúvida: Até que ponto é que as informações estatísticas em que as empresas se basearam para os seus planos eram fiáveis? |
| | | | a MCI é a MCI, a WorldCom é a WorldCom e a UUNet é a UUNet. Nenhuma se tornou na outra. Quando muito a Pipex (UK) passou a ser UUNet. A UUNet existiu e continua a existir como entidade autonoma, pertencente claro à MCI/Worldcom. Hammm... tendo trabalhado na UUNET posso-te garantir que a autonomia era quase nula. Alias foi quando a UUNET foi anexada pela MCI-Worldcom que a cultura da UUNET virou ao ponto de muitas pessoas que mantinham a companhia em pe' se terem pirado, e a subsequente degradacao tanto dos servicos como da cultura interna da empresa. "The Hog is Saint and Sinner and right up front!"
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| | | | Não concordo que "ganância é bom, a sua conjugação com estupidez é que é mau". E não concordo porque, na minha opinião, a estupidez é um pré-requisito indispensável para a ganância. Ocorre-me aquela armadilha para macacos (nem sei se existe, mas o que interessa é a imagem da coisa): Metem-se guloseimas para macaco num frasco de vidro devidamente preso; o macaco mete a mão no frasco, agarra as guloseimas e, com o punho fechado, tenta tirá-las. Não consegue (porque o punho fechado não passa pela boca do frasco), e fica preso o tempo suficiente para ser capturado. Dirás que o macaco está a ser ganancioso e estúpido; eu digo que está a ser ganancioso e portanto estúpido. Pode ser que esta diferença radique num problema de semântica. Por exemplo, eu concordaria que ambição é bom. Para mim "ambição" é muito diferente de "ganância": Para mim, ganância é ambição ilimitada, cega e (claro) estúpida. Eu costumo evitar a discussão semântica, pois costuma ser duma esterilidade exasperante. Neste caso não a vou evitar, pois desconfio que há algo de muito interessante por detrás dela. O meu fiel Dicionário Da Língua Portuguesa (Porto, Editora, 8a. ed.) diz: ganância s.f. ganho; uso imoral do direito de ganhar a vida, com prejuízo do seu semelhante; desejo ávido de ganhar; ambição desmedida; usura E diz: ambição s.f. desejo veemente de riqueza, honras ou glórias; cobiça; aspiração; apetite; sede Perante o dicionário, parece-me difícil defender que a ganância seja algo de bom... E eis a razão porque entendo que neste caso a discussão semântica não é estéril. É que daqui decorre uma interrogação: Porquê então dizer que "ganância é bom"? Porque terá o autor (que, especulo, não é o Mário Valente) decidido escolher a palavra-choque "ganância" (será "greed" no original?) para expressar o seu ponto de vista? Porque não escolheu ele "ambição"? Vou tentar adivinhar. O meu palpite, sem qualquer base para além de pura especulação, é de que o autor precisou de dizer "greed is good" porque vive num caldo de cultura que diz que a ganância é um pecado mortal! Ou seja, o autor encontrou esta maneira de se afirmar: afronta directamente as bases filosóficas (religiosas) da sociedade em que vive para chamar a atenção para os seus pontos de vista -- os quais são, eles próprios, construídos à imagem daquelas bases filosófico/religiosas (ou do seu oposto, o que é o mesmo). Pessoalmente, considero que este tipo de subserviência à filosofia vigente é duma extrema pobreza intelectual. Aqui vira-se o bico ao prego a uma observação antiga do Mário Valente. O tema na ocasião era a "modéstia", e disse ele que eu apresentava argumentos religion-oriented. Naquele local, no comentário #47 (não sei fazer o link directo para ele...) eu já sublinhava a importância de evitar qualquer tipo de subserviência cega à religião. Ora exactamente, desconfio que existe nos subterrâneos desta discussão uma corrente filosófica que nasce da pior forma de subserviência à religião: A contestação das coisas que ela diz, só por ser ela a dizer. Desconfio mesmo que, sem muito esforço de pesquisa, encontraria autores que desenvolvem o seu, err..., "raciocínio" fazendo uma lista de princípios da religião (por exemplo, os pecados mortais), e defendendo o oposto deles um a um, concluíndo deles todos que "afinal são bons". Para mim, isto não passa duma elaborada fraude intelectual -- e barata, pois defendendo coisas destas é canja conseguir impacto e audiência. É por isto que a palavra escolhida é "ganância" e não "ambição". Penso eu, claro... Confesso que ainda não li nada da Ayn Rand. Não faço ideia se ela tem alguma coisa a ver com isto. Mas a curiosidade vai aumentando... :^) Por outro lado, como dizia o outro: Não há tempo para ler tudo; a única maneira de ler os livros bons é não ler os maus. |
| | | | A armadilha para macacos existe, e essa imagem foi usada na série sul-africana, "ShaCa", em que o rei dos zulus usa-a para expressar o seu desencanto pela aliança feita com os Ingleses.
Em relação às discussões filosóficas, semânticas e lógicas, fez-me lembrar um filme francês, em que um pobre Marquês da provincía vai à corte de Paris para arranjar um "subsídio" por forma a acabar com as constantes cheias do rio, que assolam os seus domínios e que matam as suas gentes.
A corte francesa está numa moda de quem manda para o ar o melhor chito, e os cortesãos digladiam-se para ver quem manda as melhores piadas, sempre numa de ridicularizar os outros e não ser ridicularizado.
Uma cena exemplar é a do Abade que na presença do Rei, demonstra filosoficamente a existência de Deus. Ovacionado por toda a plateia, com a vaidade a extravasar-lhe por todos os poros, afirma ali mesmo ser capaz de demonstrar com o mesmo método a inexistência de Deus...
Como o Mário Valente bem referiu, a malta das Telcos desprezaram gananciosamente os ensinamentos de Henry Ford, o primeiro a estabelecer com sucesso a produção em massa.
O Ari Onassis fez fortuna ao construir petroleiros com o dobro da capacidade por metade do preço.
Se a largura de banda se tivesse democratizado, haveriam mais custos na manutencão da infra-estrutura de rede, no suporte técnico, no apoio ao cliente, etc...
E quando se é guiado pela ganância, o mais provável é acabar como a ENRON...
Se tivesse havido na fibra óptica uma Amazon, talvez a bolha não tivesse estourado tão violentamente... |
| | | | Tanto paleio só para dizer que foi ao ISP forum fazer uma apresentação. :-) Apresentas alguns pontos interessantes. Mas é preferivel ter poucos mas boms. Em termos economicos os preços são calculados entre a interação da procura e a oferta. Provavelmente dá mais dinheiro ter preços elevados com menos clientes do que preços baixos com mais clientes. As empresas não estão no negocio da solidariedade social, eles estão-se a lixar para o numero de utilizadores o que eles querem é o lucro ao final do ano para fazer subir as acções. Não se vê o longo prazo, só se vê o trimestre e no maximo o ano, é tipo clubes de futebol, daqui a 2, 3 anos não interessa. Se não produzirem lucros os administradores vão para a rua, tal como os treinadores. Essa visão não vai mudar nos proximos tempos, acho que cada vez está mais para ficar, mesmo com as falencias todas que derivaram dessa visão.
Pedro Esteves |
| | | | Tanto paleio só para dizer uma série de lugares comuns que não significam nada. :-) Cumprimentos Mario Valente |
| | | | Assim não daria (tanto) lucro... :)
"To underestimate one's self is as much a departure from truth as to exaggerate one's own powers" - Sherlock Holmes |
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