Esta discussão foi arquivada. Não se pode acrescentar nenhum comentário. | | | DISCLAIMER: Ja' sai da uni. em Portugal 'a mais de 7 anos -- tudo o que digo aqui pode ser irrelevante na actualidade. Alem disso sao 4 da manha pelo que o seguinte nao vais estar muito bem escrito ;-) Focando os cursos de IT/CC/EEC/ETC o que pensam que realmente se deve fazer nas Universidades/Politécnicos Portuguesas para melhorar a qualidade dos cursos? - Mudar os curriculums regularmente (2 em 2 anos maximo) por forma a actualizar o que se ensina. No meu caso, 80% do programa do curso estava 15 anos atrasado -- para dar uma ideia, em 1993 ainda se ensinavam bases de dados hierarquicas.
- Criar um sistema de avaliacao aberto, e envolvendo o aluno. E' inaceitavel ser comum um professor recusar ou colocar obstaculos a que um aluno reveja a avaliacao de um exame. Para dar um paralelo, no MBA que estou a tirar no UK para todos os exames a avaliacao e' devolvida ao aluno com notas do avaliador sobre o que esta' bem ou mal ou o que se podia ter feito melhor.
- Eliminar as barreiras artificiais. Como e' que se pode justificar niveis de "chumbo" em algumas cadeiras de 60%, 70% ou por vezes mais ? Simples -- artificialidade nas notas, falta de transparencia na avaliacao e "arranjinhos internos".
- Mudar o sistema de aulas por forma a que o aluno deva criar e analisar, ao inves da simples regurgitacao de conhecimento.
Como avaliam a qualidade dos formados? Pelo panorama de inovação das "start-ups", pelo sucesso das grandes firmas de consultoria portuguesa? Peos projectos Open Source com portugueses? Nenhum destes -- pela economia. O nivel de educacao de um pais esta' directamente ligado 'a sua economia. Uma medida melhor 'e o GDP per capita. Mas repara que no caso Portugues o que precisas nao e' de criares melhores universidades -- e' sim educar as pessoas continuamente, e aumentar o actual nivel de literacia de 87% para >97% como a maioria dos paises europeus. Os alunos que saem das universidades em Portugal caem em 2 categorias: os gajos que acabam o curso, e os que abandonam o ensino. Uma estatistica que todos esquecem e' que 1 em cada 2 alunos abandonam o ensino na universidade. Isto parece normal ? Claro que nao, a razao IMHO e' precisamente as barreiras artificiais que referi acima. Mais importante que tudo, e' preciso largar a mania do "Sr.Dr." e criar um sistema mais igualitario que e' baseado no respeito mutuo, e no desenvolvimento individual de cada aluno. A melhor descricao do que eu passei enquanto aluno numa universidade portuguesa e' aquela imagem dos Pink Floyd de o "School Master" a empurrar os alunos pelo "meat grinder". echo '[dO%O+38%O+PO/d00]Fi22os0CC4BA64E418CE7l0xAP'|dc
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| | | | | Mudar o sistema de aulas por forma a que o aluno deva criar e analisar, ao inves da simples regurgitacao de conhecimento(...)Os alunos que saem das universidades em Portugal caem em 2 categorias: os gajos que acabam o curso, e os que abandonam o ensino.(...) E o problema é que nenhuma das duas opções diz nada quanto ao nível de conhecimentos, é que é não é importante saber, é importante fazê-los pensar que sabes.
-- Carlos Rodrigues |
| | | | "falta de transparencia na avaliacao e "arranjinhos internos". " E nao sao poucos os casos de falta de transparencia na avaliacao, eu sei de fonte segura que existem certos SRs. DOUTORES e tais nas nossas universidades que so passam 4 ou 5 em centenas de alunos por ano ou semetre, e se pedirem a outros docentes para corrigirem o exame eles negam-se porque o docente da cadeira ja corrigiu e se esta corrigido pelo docente entao a correccao esta certa. E depois e' como dizes eles tentam tudo por tudo para que nao se possa ver o exame. E este e' um dos grandes motivos que levam muitos alunos a desistir da univesidade, porque se fazem braco de forca com os docentes nunca mais passam na cadeira, ou levam muito tempo fazer a cadeira. Isto ja para nao falar dos docentes que so' dao 4 semanas de aulas em um semestre porque estiveram quase todo o semetre a assistir a conferencias ou a dar as ditas coferencias. Ainda bem que nao existem muitos docentes como estes nas nossas universidade e politecnicos.
-------------------------------------------------- OMNIA MUTANTUR, NOS ET MUTANTUR IN ILLIS Todas as coisas mudam, e nós mudamos com elas. |
| | | | Bom, concordando na generalidade com o que dizes, só queria fazer umas ressalvas: a) eu sei que dizes que te referes aos cursos técnicos sobretudo, e que não pretendes generalizar. No entanto, como há por aqui muito boa gente com graves problemas de iliteracia convém deixar claro que as mudanças de curricula de 2 em 2 anos não servem na maior parte dos cursos. Ajustes pontuais, com isso sim, concordo. E claro, parto do princípio de que te referes aos programas. Se te referes mesmo aos curricula (cadeiras, organização do curso) não posso concordar, com a confusão administrativa e pedagógica decorrente. Na faculdade onde lecciono andamos a preparar uma profunda alteração de curriculum, e tem sido (e vai ser) uma confusão descomunal nos primeiros anos... b) no que respeita às cadeiras com 60/70% de chumbos, concordo contigo em que algo se tem de passar. Em 99% dos casos o problema é mesmo do professor. Felizmente na maior parte das universidades (e no meu departamento graças aos deuses isso é levado quase às últimas consequências) quanto tal sucede tomam-se as devidas atitudes, e não são os alunos os prejudicados. Ainda no que respeita à avaliação, o nosso regulamento (e creio que abrange toda a universidade de Lisboa) obriga a fornecer aos alunos uma cópia dos testes/exames com cotações bem assinaladas. Mas é verdade que nem todos cumprem... mas também é verdade que os alunos nesses casos não deviam encolher os ombros, mas antes exigir aquilo a que têm direito por lei. c) não podia estar mais de acordo contigo no que respeita ao regurgitar de conhecimentos. A minha experiência, no entanto, tem-me levado a chegar à triste conclusão de que sao raríssimos (meia dúzia por aula, num bom ano) os alunos que efectivamente "alinham" num sistema diferente e mais interactivo. Os restantes preferem o velho sistema da aula expositiva. Curiosamente, são os mais velhos (a partir dos 30) que preferem aulas que lhes puxem mais pela cabeça e não os obriguem a auma atitude passiva de escrever e decorar conceitos; o pessoal dos 18/20 anos costuma afivelar umas trombas enormes quando as coisas não são feitas de acordo com os manuais do século XIX (não estou a exagerar, é mesmo assim, do século XIX), e no fim rematam sempre "oh professor mas diga lá isso de maneira a ficar aqui com a definição [igual à dos tais manuais com mais de 100 anos] no caderno". Resta dizer que lecciono uma cadeira eminentemente prática (uma língua, latim), em que não se exigem definições nos testes. Tirando estas ressalvas, que no entanto em nada contrariam o que escreveste, estou realmente de acordo contigo. P.S.: tenho 30 anos, não estou assim tão distante desses miúdos mais novos, e no entanto parece haver um fosso intransponível... Omnia aliena sunt: tempus tantum nostrum est. (Séneca)
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| | | | Concordo com tudo o que o Leitão disse. Acrescento ainda que vejo problemas quer do lado dos alunos, quer do lado dos professores: - a Universidade/Instituto tem de deixar de ser vista como um lugar para o professor ganhar uns cobres extra ao fim do mês, e para isso tem de se deslocar umas quantas horas para disparatar junto a uns "imbecis"; - o ensino têm de deixar de ser o caixote de lixo dos "profissionais" que ou não tem capacidade de arranjar melhor, ou querem levar uma vida fácil, sem se chatearem muito. - Os professores tem de comear obrigatoriamente a preparar as aulas, manter os curriculums minimamente actualizados, interessar-se pelos seus alunos e dedicar mais tempo ao local onde leccionam. - os professores tem de deixar de olhar à partida para os alunos de forma negativa; - existe uma boa percentagem de alunos que prefere o sistema actual, porque já foram "condicionados" a pensar assim, e porque desta forma basta serem "amiguinhos" dos professores para fazerem o curso; - existe uma outra parte dos alunos que também prefere o sistema assim, porque basta colar os conhecimentos antes do teste, e esquecer tudo em seguida; - existe uma outra parte que não concorda com este estado de coisas, e acaba por abandonar o ensino. - o aluno deveria também não se comportar na faculdade como se estivesse na creche, mas isso também é parte do condicionamento que tem desde de longa data (i.e. a sociedade portuguesa tem vindo a estupidificar o conportamento do pessoal a um ritmo acelerado). Em relação ao comentário dos testes do leitão, eu como colega de curso, posso confirmar plenamente esta situação. Mais ainda, existiram situação em que: 1) foram colocadas várias vezes questões *extras* (mais complexas ou trabalhosas) no quadro da sala, sendo as resoluções entregues em folhas de testes isoladas. Estas questões no final só contaram para alguns "priveligiados" que desta forma viram as suas cotações reduzidas. 2) Noutras cadeiras, entregavam-nos testes com perguntas demasiado ambiguas, tendo a resposta de ser como conviesse ao professor. 3) Noutras cadeiras, os testes eram demasiado extensos e impossiveis de fazer. A intenção era os professores atribuirem a nota que lhes desse no goto aos alunos, não corrigir os testes, e desta forma ninguem se poder queixar. Se alguém pedisse para ver a correcção, apenas te mostravam passado uma semana ou duas, para cozinhar a correcção nas calmas... Desculpem pelo comentário inflamado, mas a faculdade foi um trauma dos valentes (devidamente ultrapassado, felizmente). -- |
| | | | concordando na generalidade com o que dissestes (em especial porque penso que te estavas a referir em particular aos cursos tecnicos), penso que te esquecestes de um ponto:
- Adequar o ensino ao tecido empresarial permitindo, fomentando e exigindo uma maior participação dos academicos e alunos junto do tecido empresarial. Tu q andas ai por fora deves saber que 'e muito comum os alunos comecarem a fazer trabalhos junto de empresas desde os primeiros anos do curso, adaptando o curriculo as necessidades empresariais.
Z PS: Atencao que o ponto anterior 'e bastante diferente daquilo que acontece, que 'e os professores abrirem a socapa umas empresazitas, irem buscar directamente os alunos a fonte, dividirem a sua atencao entre os cursos que leccionam e as empresas das quais sao socios. (prejudicando assim uns e outros) |
| | | | yep -- concordo.
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| | | | Como avaliam a qualidade dos formados? Pedindo às empresas onde estes estagiam a sua opinião acerca da adequacidade e qualidade do trabalho desenvolvido pelos estagiários. Cheers, Luis Bruno
Cheers, Luis Bruno |
| | | | | Convém é que a empresa seja honesta e não seja pertença de professores da Universidade. Este último caso é a melhor maneira de falsificar o curriculum de um ex-aluno, futuro professor do mesmo estabelecimento de ensino. Uma boa dica para jornalistas... *grin* -- |
| | | | Mas, as universidades ainda são dos poucos sítios neste país em que o desempenho é avaliado com algum rigor. Pedir às empresas para avaliar os alunos é completamente perverso já que, se as universidades portuguesas estão 10 anos atrasadas, as empresas portuguesas estão 20.
---- joao nonio.com - ciência, tecnologia e cultura |
| | | | Mas, as universidades ainda são dos poucos sítios neste país em que o desempenho é avaliado com algum rigor. Isso é discutível. Aliás, o tópico do post original era esse mesmo <grin> A avaliação das universidades devia, sem dúvida ser mais transparente; não devia ser preciso pedir aos professores "para rever em conjunto a correção, ver onde me enganei" Cheers, Luis Bruno
Cheers, Luis Bruno |
| | | | Joao, tu devias saber que isso nao e' bem assim... no teu proprio curso existem muitos exemplos de pessoas de "ma" fama fazerem exames optimos e a tirarem notas mais baixas que pessoas de "boa" fama que so' fizeram asneiras no exame os 1º anos da faculdade marcam uma pessoa para todo o curso e depois existem sempre os casos de professores "genios" que chumbam quase tudo, passam uns gajos com 12, 11 e com sorte... no ano seguinte vem um professor azelha, que ate' disse o exame todo a umas alunas giras de mini-saia e existem varios 17 e 18... muito justo para todos, quer os que estavam inscritos nesse anos, como os que ja' fizeram a cadeira no ano anterior com o outro prof parvo pessoal que chumba umas 4 vezes com 9 e passa depois com 15, chumbam varias vezes com 3 e passam com 17 com outro prof, teem uma media de 18 e o 5 que tiveram nao aparece na pauta (ou e' subido para 10), subidas de nota por ir ver o exame de 10 valores, perguntas iguais marcadas erradas a uns e certas a outros, perguntas de exame que nem os outros professores da cadeira sabem fazer, subidas de notas de um 15 e tirar 7... enfim, uma enfinidade de exemplos, e isto apenas na nossa faculdade e quase todos no nosso curso, agora imagina no resto do pais... basicamente a graxa e a imagem que se parece dar fazem tanto (ou mais) pelo curso como o estudo (ou a falta dele, ou copianco ou marranco)
Higuita |
| | | | Um dos problemas que encontro nas universidades de ca, (que sao as unicas que conheco por dentro), 'e que a capacidade pedagogica dos professores universitarios nunca ser avaliada nem posta em causa. A verdade 'e que existem professores, que podem at'e perceber muito da coisa, mas que de dar aulas, 0. No meu (antigo) curso existem muitos casos desses. Alias, existiam la muitos casos caricatos. Desde o prof. de base de dados que continuava a dar a mesma materia desde que fez o doutoramento em 85, até um jovem, muito conhecido la na terra dele, que me disse um dia "tem que compreender, mas a minha prioridade não são os alunos". O que é triste é que alguns destes maus professores estão claramente reconhecidos pelo sistema (alunos e pares), e no entanto nada 'e feito para os retirar de la e colocar outra pessoa de jeito. Penso que a unica forma de um professor, depois de passar da categoria de associado, ser despedido (reciclado, whatever), 'e ser apanhado em publico a violar uma aluna. (ou qualquer coisa de impacto semelhante). Menos do que isso geralmente continua no sistema anos e anos at'e a reforma. Finalmente, saliento que outro dos problemas esta precissamente no ponto oposto, nos alunos, que chegam muitas vezes a universidade mal habituados e que preferem baldar-se a esforcar-se um bocado e estudar. Z |
| | | | | É como te dizes, reconhecidos pelo sistema (professores e ALUNOS). Há muita gente que acha que: 1) tapa os olhos aos alunos 2) eles são umas crianças que não vêm as coisas 3) se vêm as coisas, são uns otários que não reclamam 4) não tem o direito nem competências para os avaliar (logo não devem pensar...) eh. No comments. -- |
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