Gostei muito do editorial. Imperdível. Vão lá ler. Destaco este parágrafo: """Na óptica do ministro da Educação, cabe à burocracia do seu Ministério estudar os diferentes relatórios, e, como nos disse na mesma entrevista, "fazer um estudo das escolas melhor classificadas nos vários itens para que se perceba quais são as variáveis decisivas na excelência das escolas". Na nossa óptica isso é insuficiente e mostra que o Ministério não confia nos professores e nos pais como agentes da melhoria do ensino. """ Um clássico: As Altas Luminárias do Ministério, embuidas do seu Desígnio Sagrado, preparavam-se para derramar sobre o problema a sua Superior, Quiçá Única, Capacidade Analítica. Claro que isso teria que ser feito longe do burburinho da populaça. A populaça é muito estúpida e precisa ser dirigida. É muito desagradável, a populaça. E se calhar até cheira mal dos pés! Pheu! Não se pode ser Sábio quando a populaça está encarrapitada em caixotes, a olhar pela janela com expressão bovina e a salivar descontroladamente. Bah! Que corja! Não têm mais nada para ver? Vão ver o Big Brother, não chateiem! E lavem os pés! Pheu... Assim se preparavam as Altas Lamparinas para examinar o Problema em sossego e, depois de o terem Entendido, lançar a sua Douta Luz sobre o obscurecido caminho da manada disforme. Baril, a malta curte mesmo é paternalismo. Primeiro à-parte: Eles iam descobrir quais são as "variáveis decisivas na excelência das escolas"? Examinando as escolas portuguesas?? Ena, são mesmo bons para descobrir ali alguma excelência! Serão excelentes os alunos que não sabem a matéria, os professores que também a ignoram, ou o sistema de classificação criminoso que tudo perdoa a bem da "paz social"? Segundo à-parte: Escreve o editorialista que "Na nossa óptica isso [a análise ministerial] é insuficiente [...]". Insuficiente uma pinóia, nefasta! A análise ministerial do sistema educativo ministerial apenas pode servir para encapotar as causas ministeriais do problema. Tá bem, abelha... estes gajos são ministros mas não são nada parvos! Era como se depois de meterem a raposa a guardar o galinheiro e de terem desaparecido todas as galinhas, contratassem a mesma raposa para investigar o mistério... Mas não faz mal. É Portugal, estão todos perdoados. Todos. A malta é toda coitadinhos. Vejam o coitadinho do Jorge Coelho, que pena ele ter que se demitir do Ministério da Ponte que Caiu, toma lá palmadinhas nas costas e é vê-lo cavalgar de responsabilidade partidária em responsabilidade partidária (os amigos são para as ocasiões). Vejam o coitadinho do Fernando Couto, apanhado com coisas esquisitas nas veias, toma lá palmadinhas nas costas e é ver o corropio de declarações de "solidariedade", "compreensão" e "apoio"... E coitadinhos dos Ministros da Educação, que são tão bons e têm tanto azar de terem que governar uma educação tão má, e coitadinhos dos Ministros da Saúde, que são tão bons e têm tanto azar de terem que parecer maus por a Saúde ser péssima, mas não, eles são bons, a culpa é do... sei lá, deve ser uma coisa qualquer que anda no ar. Se for preciso, nas próximas eleições ainda espetamos com eles no poder de novo! Realmente, coitadinhos, eles são bons, não têm culpa de estar a governar um país com um povo tão mau! Vai daí o povo, coitadinho, tem um acesso de clarividência e, num acto de auto-flagelação redentora, elege-os uma e outra vez. |