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A História do GildotEsta é a história do Gildot. Não é um artigo técnico porque não é com perfeição técnica que se cria uma comunidade; o grande grupo de pessoas que agora frequenta o site foi construido aos poucos, de forma deliberada e com algum esforço.Mesmo para um site não comercial é preciso ter algum marketing se queremos que ele tenha utilizadores. Foi a essa tarefa que nos dedicamos no primeiro ano do Gildot e é para contar as lições que aprendemos e alguns episódios mais interessantes e divertidos que aqui estamos.
Como tudo começouNo ínicio havia o Slashdot. Mais ou menos na altura em que o descobrimos e nos tornámos seus leitores assíduos estávamos a criar o GIL e foi preciso arranjar projectos para fazer: os primeiros foram a instalação da própria máquina, com o site do grupo, mailing lists, servidor de news, mirrors, etc... A seguir pensou-se em fazer algo com mais impacto que pudesse atraír pessoas de todo o país e obviamente a ideia de um Slashdot português tinha que aparecer. E apareceu: seria o slashdot do GIL. Chamámos-lhe Gildot.Para se perceber as peculiaridades do GIL e do Gildot é preciso descrever, no que diz respeito à implantação do Linux, o meio em que surgiu: o Departamento de Informática da Universidade do Minho, mais particularmente o Grupo de Sistemas Distribuídos. Neste grupo o Linux foi descoberto muito cedo, em 1992, ainda tinha pouco mais de um ano. Tinhamos andado a brincar com o Minix do Tannenbaum e foi um passo lógico passar para o Linux. Uma das consequências disto é que na UM o Linux foi adoptado primeiro pelos docentes, que imediatamente trataram de o "vender" aos alunos, o que deu bastante resultado. O facto de sair nos exames deve ter ajudado... Vários anos depois já havia alunos linuxeiros suficientes para quererem fazer um grupo de utilizadores. Vieram falar connosco e sempre dissemos que dávamos todo o apoio, mas que a iniciativa devia caber aos alunos e não a nós. O dito grupo nunca mais aparecia e por isso decidimos avançar com uma solução diferente, um Grupo de Investigação Linux, o GIL. A pessoa que adaptou o motor do slashdot e que criou a primeira versão do Gildot foi o Dario Teixeira, então no 5º ano do curso e prestes a embarcar para a Holanda onde ia fazer o estágio. Foi uma corrida contra o tempo: no próprio dia em que ia tomar o avião esteve a acabar o Gildot. Conseguiu mesmo à justa e, nesse dia 31 de Março de 1998, coube-lhe a honra de iniciar o fórum. E pronto! Estava aberto o nosso slashdot à portuguesa. Agora só faltava arranjar leitores.
A História até agoraDurante estes dois anos aprendemos muita coisa com o Gildot. Uma das constatações mais importantes foi até que ponto é dificil manter vivo um projecto destes. No caso do Gildot conseguimo-lo, mas não foi por acaso: passámos quase um ano inteiro a magicar maneiras de divulgar o site e a aproveitar todas as oportunidades para o promover. Só assim foi possível obter massa critica para que o site se pudesse manter quase sem esforço, como acontece actualmente. Este tipo de fórum tem um tendência enorme para morrer pouco depois do nascimento. Isto não depende da qualidade técnica do site, mas sim de se conseguir obter utilizadores mais depressa do que acaba o entusiasmo dos editores. Quando o fórum abre, com um dado conjunto de editores, é uma festa: todos escrevem artigos, vão procurar histórias interessantes, comentam os artigos uns dos outros. É uma alegria, o site é um sucesso, todos se divertem e congratulam. Esta fase dura cerca de uma semana. Entretanto anuncia-se o site, diz-se aos amigos e aparecem alguns utilizadores. Dos editores originais metade já perderam o gás. Limitam-se a ver os artigos, talvez a fazer um comentário ou outro. Muito em breve o fórum está limitado a um ou dois editores e a uma mão-cheia de utilizadores. Os editores reparam que ninguém comenta os artigos, e como são poucos cada vez lhes é mais díficil manter um fluxo constante de novidades. Começam a aparecer dias sem artigos e um belo dia aparece um aviso a dizer que "voltaremos em breve". R.I.P. Menos um fórum na Net... A história do Gildot é, acima de tudo, o relato de como conseguimos evitar este fim inglório. Nunca será possível ter a certeza absoluta de como o fizemos, mas há várias pistas. A atitude mais importante foi sem dúvida a de procurar novos editores. A captação destes obedeceu a um sistema que podemos chamar "broadcast e convite": numa primeira fase fizemos o broadcast, neste caso no conjunto dos membros do GIL, convidando-os todos a ser editores. Esta fase serve para criar aquele momento de entusiasmo inicial, mas rapidamente muitos dos convidados perdem o interesse e não se ouve falar mais deles. A seguir vem a fase de convite: encontrar pessoas, escolhidas a dedo, e convidá-las para editores. Em alguns casos isto falha, mas às vezes sai a sorte grande. Foi isso que nos aconteceu. Poucos dias depois do nascimento do Gildot havia a segunda workshop do GUL, no ISCTE. Nós já tínhamos estado na primeira e o Paulo Trezentos tínha-nos convidado outra vez. Claro que aceitámos, porque além dos projectos de investigação do GIL tínhamos que mostrar o brinquedo novo. Logo que lá chegámos tratamos de convidar o Paulo Trezentos para editor. A sua actividade no GUL e nas workshops justificava-o plenamente. O Paulo aceitou e tornou-se o primeiro editor do Gildot que não pertencia ao GIL, começando assim a progressiva diferenciação entre as duas iniciativas. Mas nessa workshop aconteceram duas outras coisas muito importantes: estava lá uma jornalista do Público que acabou por publicar um artigo sobre o GUL, o GIL e o Gildot, e estava lá um fulano barbudo que começou por gozar um pouco - "Isto não é nada parecido com o Slashdot, pois não?" - mas que começou imediatamente a frequentar o site, escrevendo comentários em quase todos os artigos. De volta a Braga surgiu a ideia: e se convidássemos este tal chbm para editor? Afinal ele parece gostar do site e ser um linuxeiro convicto. Decidimos convida-lo e com isso garantimos o sucesso do fórum. Não se pode exagerar a importância que o Carlos Morgado teve - e continua a ter - no Gildot. É o editor mais activo, com quase 800 artigos aprovados e nunca deixou que o site parasse: dias úteis ou fins-de-semana, de dia e de noite, lá apareciam artigos aprovados por ele. A seguir voltamo-nos para a "concorrência": o PLUG tinha começado, cerca de um mês antes do Gildot, com o seu próprio fórum, mas já se notava que este estava a morrer. Por isso convidámos o Spyder, que era o autor e editor desse news.plug.pt, para ser também nosso editor. Entretanto encontrámo-nos todos no Simplinux e a malta do Plug sugeriu que o Gildot passásse a unificar as duas iniciativas, o que acabou por acontecer. O Simplinux foi um sacrifício para nós: queríamos desesperadamente publicitar o Gildot, que fazia nessa altura um mês de existência. Infelizmente tínhamos deixado passar a data de inscrição de comunicações e limitámo-nos a assistir à conferência. Foi torturante estar rodeado por centenas de possíveis leitores e não ter nenhuma maneira de lhes dar a conhecer o nosso brinquedo... Confesso que fomos para a sala de computadores com o intuito de visitar ostensivamente o site e deixa-lo aberto nos terminais, com a esperança que alguém reparasse nele antes de abrir o IRC. Há até quem diga que eu peguei num bocado de giz e escrevi www.gildot.org no quadro que lá havia. É evidente que não comento boatos dessa natureza. Por essa altura o Gildot já tinha bastantes leitores, mas não os suficientes para garantir a actividade permanente que faz com que as pessoas fiquem realmente viciadas num site e o visitem várias vezes por dia. Durante mais algum tempo fomos fazendo divulgação da formas mais simples: posts para o pt.comp.so.linux e para o slashdot com uma assinatura com link para o Gildot. Entretanto fomos arranjando mais editores externos: o José Manuel Esteves (jmce) - pessoa que melhor escreve no Gildot - que nos brindou com artigos notáveis, por exemplo aquele que começou as polémicas sobre a FCCN; o Fernando Pereira, distinto autor do melhor livro sobre linux que se publicou em Portugal; o José Sebrosa e também o Rildo Pragana que durante algum tempo enviou artigos do Brasil. A fase de divulgação activa do Gildot terminou em Outubro de 1999 quando estivémos na Inforpor, em espaço cedido pela Microcaos. Durante 3 dias distribuímos 5000 folhetos do Gildot e aproveitámos para nos conhecermos pessoalmente. Nesse momento o Gildot já tinha leitores suficientes para crescer sem mais empurrões. Começou assim uma fase mais calma em que nos limitámos a gerir o site e a vê-lo crescer. Quando o Gildot estava quase a fazer um ano ainda usava a versão original do código do Slashdot, adaptada pelo Dario, o que significava que muitas das novas características a que entretanto nos tínhamos habituado noutros sites, pura e simplesmente estavam ausentes. Não havia inscrição de utilizadores nem moderação de comentários e achou-se que estava na altura de avançar para a nova versão. A partir daí quem assumiu a tarefa de adaptar o código e o HTML, com uma ajudinha de todos os editores nas traduções, foi o Nuno Aguiar, colega do mesmo ano do Dario, mas que felizmente foi estagiar e trabalhar para mais perto. Foi ele que teve quase todo o trabalho que permitiu que, no momento exacto em que fazia um ano, o Gildot aparecesse renovado e actualizado. Pouco tempo depois, quando nada fazia esperar problemas, eis que nos desaba o céu sobre a cabeça. Uma empresa que tinha sido criticada pelos leitores do Gildot decidiu dar um golpe baixo: sabendo que o site estava hospedado na Universidade do Minho e sabendo como estas coisas funcionam, atacaram em força. Uma carta de um escritório de advogados chegou à Escola de Engenharia, prometendo um processo judicial se o Gildot não fosse definitivamente impedido de dizer mal da preciosa instituição que representavam. Queriam também que eu fosse física e electronicamente impedido de aceder à máquina. É preciso que fique bem claro o apoio que tivémos pela parte do Director do Departamento de Informática que, se nós lhe tivéssemos pedido, concerteza garantiria que a ameaça seria ultrapassada e que o Gildot continuaria no sítio do costume. Acontece que nós não lhe pedimos isso. Pelo contrário: tivémos que o convencer que a melhor solução seria simplesmente retirar o site da rede universitária. O incidente legal demonstrou que a UM era um alvo demasiado óbvio para qualquer idiota que se quisesse vingar do Gildot e não é função das universidades públicas andarem a defender-se contra ataques legais. Além do mais já era o segundo ataque, embora fosse o mais grave: uns meses antes alguém ligado ao IRC tinha-se queixado por e-mail, mas nesse caso, após umas mensagens mais crispadas no ínicio, tudo tinha acabado bem. E assim o Gildot saíu da UM e materializou-se algures num ISP. A situação actual é transitória e será revista logo que tenhamos tempo para constituir uma associação que vai incluir editores e utilizadores. Ironicamente, se o que os queixosos queriam era afastar o Gildot dos seus leitores, falharam miseravelmente: uma consequência da mudança foi que o site deixou de estar numa rede que tinha uma conectividade digna do terceiro mundo e passou a ser acedido de forma muito mais rápida.
As Razões do SucessoO Gildot não é um modelo de eficácia e organização. Nem um pouco! Isto leva muitas pessoas a perguntar-se como é que consegue ter sucesso, em particular quando outros sites mais bonitos e melhor geridos não chegam lá. Durante estes dois anos aprendemos algumas das respostas a estas questões.As nossa espectativas em relação ao site foram mudando com o tempo. Antes de arrancar imaginávamos que o Gildot se iria tornar primariamente um modo de comunicação entre os elementos do GIL e os alunos da UM. Até me lembro de que sugerir que tínhamos que ter o cuidado de evitar que fórum se tornasse demasiadamente local... Santa Ignorância! Não estava a contar com o espeto da casa do ferreiro. Na realidade nunca houve grandes acessos vindos da UM. A rede teria que ser lançada mais larga para apanharmos o peixe que precisávamos. Outra ideia inicial era que a principal função do Gildot era ir buscar notícias a sites estrangeiros - como o Slashdot - e traduzi-los para português. Esta ainda é uma actividade que prezamos, mas não pode ser a base de funcionamento de um site deste tipo, pelo menos em Portugal, que é um país extremamente aberto ao exterior e onde as pessoas não atribuem uma veneração religiosa às coisas escritas na sua língua natal. Em primeiro lugar este não é um site em que um conjunto de iluminados conduz as massas amorfas em direcção à luz. Os leitores são tipicamente pessoas tecnicamente evoluídas, tanto ou mais que os editores e por isso pura e simplesmente não precisam de que lhes digiram ou traduzam as notícias estrangeiras: podem sempre ir directamente à fonte. Poder-se-ia argumentar com a utilidade da selecção das notícias mais importantes e da sua análise e contextualização. Concerteza isso é um serviço válido? Claro que é! Chama-se jornalismo e é bem desempenhado por sites como a Recortes e a Dígito. No Gildot esse tipo de notícias é bem recebido mas gera poucos comentários e estes é que são a vida de um fórum. Então se a chave do sucesso não são as notícias interessantes que aparecem no Slashdot e noutros sites conhecidos, que tipo de notícias é que atraem leitores? A resposta é um pouco óbvia: "são as notícias interessantes que não aparecem nos outros sites conhecidos". Se forem ao Gildot encontrarão os dois tipos de artigos e verão que os que têm mais comentários são os que se referem a assuntos que nos tocam de perto: os custos e modalidades do acesso à Internet, iniciativas de grupos Linux portugueses, queixas contra a Telecom, denúncias sobre a FCCN, críticas a sites endeusados pelos media mas que têm falhas técnicas e as inevitáveis guerrinhas entre grupos rivais, seja de técnicos, piratas, viciados do IRC ou daqueles que acumulam estas três características. Não se pode esquecer a importância dos comentários. Um site como este precisa de viciar as pessoas. É necessário que um bom conjunto de leitores visite a página várias vezes por dia e para isso é preciso que haja motivos que puxem por eles. Haver notícias frescas é um bom motivo, mas ter escrito um comentário e querer ver se alguém lhe respondeu é incrivelmente mais eficaz. Por outro lado, dado que entre os leitores andam as pessoas mais bem informadas sobre a Net em Portugal, acontece muitas vezes que os comentários tem informação muito mais importante que a notícia original. Um exemplo imaginário: um site divulgado pelos media como a oitava maravilha do mundo dá erros estranhos, estoura se alguém fizer uma pesquisa pela letra "A" ou expõe os dados dos seus utilizadores a quem os queira ver. O assunto no Gildot poderia começar pelo relato de alguém que descobriu o defeito e que goza um pouco com a situação: "gastaram um milhão de contos naquilo e só aparece Microsoft Ole error xpto!". Quando a discussão acabar já lá estarão comentários mais ou menos anónimos dos técnicos responsáveis pelo erros, dos seus concorrentes, uma opinião de um físico sobre o design da página, opiniões sociológicas várias sobre a utilidade do site e sobre o destaque excessivo que recebeu na televisão. Por essa altura andaram lá jornalistas à procura de assunto para as suas colunas semanais, soube-se qual a tecnologia usada nesse site e deu-se voz a muita gente. A notícia em si era insignificante mas a discussão tem um valor enorme para o site porque produz conteúdo que não pode ser encontrado em mais lado nenhum. Durante a existência do Gildot houve várias discussões de proporções históricas, muitas vezes sobre assuntos pouco nobres, como as actividades dos piratas e dos maluquinhos do IRC com as suas guerras incompreensíveis. Muita gente nos criticou por dar oportunidade à existência dessas discussões mas também elas têm o seu papel no Gildot. Muitos dos actuais leitores apareceram nessas alturas e para muita gente foi a única maneira de debaterem as suas opiniões fora do círculo em que normalmente se movimentam e exporem-se às opiniões das pessoas normais. Também para muita gente, no quais me incluo, foram oportunidades interessantes para ter uma visão sobre algumas sub-culturas que pululam na Internet. O formato do Gildot é particularmente apto para acomodar discussões totalmente díspares uma vez que os comentários a uma notícia não produzem ruído na outras. Por isso pode haver uma discussão com 350 comentários sobre IRC e isso em nada afecta os que preferem discutir as últimas ideias do Ministro da Ciência sobre o Linux. As pessoas que queiram ficar ofendidas com o baixo nível de algumas discussões têm que se dar ao trabalho de ir lá procura-las. Por isso é que continuo a defender a diversidade de conteúdo no Gildot. Uma questão que levantou alguma polémica foi a introdução do registo de utilizadores. A nossa comunidade é muito relutante a dar o seu endereço de e-mail e para muita gente a existência de contas foi mal recebida. Há no entanto um motivo muito importante para haver inscrições: impedir o roubo de identidades. Quando alguém se inscreve com o seu próprio nome garante que a partir daí não haverá dúvidas sobre a autoria dos seus comentários. As pessoas podem também optar por nicks mais ou menos impossíveis de localizar. Por exemplo, nunca poderemos descobrir quem seria na realidade o utilizador "bork", que se inscreveu com o e-mail "bork@hotmail.com", mas pelo menos olhando para vários comentários dele sabemos que vieram da mesma pessoa. Tudo isto é importante para se criar o espírito de comunidade que é a verdadeira força do nosso site. De qualquer modo, nota-se que as opiniões dos leitores se dividem: tanto encontramos gente a protestar contra a existência de registo como a exigir a eliminação dos comentários anónimos. Sempre foi nossa opinião que devem existir as duas facetas, até porque a possibilidade de manter o anonimato é uma das conquistas da era da Internet. Outro aspecto importantíssimo que distingue o Gildot das publicações online é não precisar de ser imparcial. Vivemos numa era de political correctness e as publicações devem smepre dar igual oportunidade à expressão de diferentes opiniões. Isto é muito louvável e correcto mas produz aquele tom brando e mortiço que caracteriza a maior parte dos jornais online. Felizmente o Gildot não é um jornal! É um fórum, e também não tem que ser imparcial e equilibrado; podemos ter opiniões controversas, extremistas, irracionais até. No nosso site podemos dizer que não gostamos de uma certa empresa multinacional. Que não gostamos e pronto! Tudo o que fizerem é mau para a humanidade! Somos contra! Morra o Dantas! Pim! Tirando o exagero óbvio, é este tipo de atitude que dá vivacidade ao Gildot. A possibilidade de haver sites com opinião e missão, que não sejam simples observadores imparciais e distantes, refugiados no porto seguro das opiniões da maioria, é uma das oportunidades mais preciosas criadas pela Internet. O Gildot é um exemplo e um garante da diversidade de opiniões no campo, importante para nós todos, da tecnologia ligada ao software, aos sistemas operativos e à Internet. Apesar do que se disse acima o Gildot não tem uma linha editorial definida. Somos vários editores que, de vez em quando, vamos ver as submissões feitas pelos leitores e escolhemos alguma. O critério é pessoal e instantâneo e depende normalmente da primeira impressão do editor e do trabalho que lhe daria preparar o artigo. Muitas vezes acontece que entre dois artigos interessantes o editor escolhe o que demora menos tempo a tratar. Este é um efeito indesejável do regime de voluntariado: afinal, para cada editor que aprova artigos há cinco que já nem sequer sabem a password de administração. Por isso há artigos bons que não são aprovados, ou o são fora de tempo, e artigos fracos que aparecem imediatamente. Em última análise, porém, os assuntos que aparecem no site emanam directamente dos seus leitores e os comentários refletem as suas opiniões, o que faz do Gildot uma espécie de reflexo da consciência colectiva da comunidade que o frequenta. Com o passar do tempo essa comunidade foi-se alargando e diversificando de modo que agora qualquer artigo é brindado com comentários diametralmente opostos, tanto em matéria de opinião como de estilo. Esta "democratização" veio quebrar alguns dos consensos e o ambiente familiar que existia no ínicio do Gildot, para grande pena e desânimo de alguns dos utilizadores mais antigos. Mas quer-me parecer que este é preço que vale a pena pagar para ter um site onde às vezes encontramos pseudo-hackers de 15 anos a discutir com professores catedráticos. Ainda por cima, é inevitável que o público se diversifique. Tal como na vida real, o Gildot não pode ser uma espécie de Peter Pan a viver para sempre na infância, tem que crescer e passar por fases menos agradáveis, como a da acne. É bem sabido que a única maneira se ser sempre criança é morrer na infância e é precisamente esse o destino da maior parte dos sites mantidos por voluntários. Até agora conseguimos evitar esse destino e a adolescência do site está aí com as suas inevitáveis borbulhas e pontos negros. Será uma fase interessante em que muito pode correr mal mas que promete continuar a merecer a atenção das largas centenas de pessoas que nos visitam diariamente. Em breve o Gildot passará a ser uma associação e os seus leitores serão chamados a participar nela. Será tempo de convidar mais editores, pensar em novos modos de funcionamento e tomar decisões sobre o futuro do site. Será também o tempo de nos começarmos a encontrar de forma física, de preferência à volta de mesas bem guarnecidas. O Gildot é um site com bastante poder e influência, que detem dentro de si a capacidade de ajudar todo o movimento open-source em Portugal. Compete-nos a todos, editores e leitores, garantir que isto venha a acontecer: basta continuarmos a fazer o que tanto gostamos: lançar ideias novas, analisar em profundidade os problemas, comparar opiniões técnicas, dizer bem, dizer mal, discutir e até rebolar no chão a rir. É isto o Gildot, este caos, esta confusão à vezes criativa e informativa, sempre divertida, e para qual todos estão convidados. < Microsoft quer acabar com o MP3 | Microsoft: Closed Source é mais seguro >
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