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O futuro dos impulsos pelas phone lines
Contribuído por AsHeS em 27-12-00 20:54
do departamento piratas-informaticos
Teenagers com demasiado tempo livre... MacLeod escreve "A curiosidade e interesse pelo cyberespaço deve ter começado por volta dos 1880s, pouco depois do telefone ser inventado. Há relatos de jovens teenagers que "penetraram" no sistema de telefones desde 1878. As motivações eram sempre as mesmas - descobrir, aprender, explorar. No final do século que se seguiu à invenção do telefone o cyberespaço virava-se para e era digital, e daí renascia a paixão de descobrir mais e mais, por detrás de um monitor. Os anos 80 e 90 assistiram a tão aclamada "Hacker Crackdown", fenómeno que se generalizou em 1990 nos Estados Unidos e mais tarde pelo resto do mundo.

Num artigo, Dorothy Denning descreve os hackers: "A diffuse group of people often called ``hackers'' has been characterized as unethical, irresponsible, and a serious danger to society for actions related to breaking into computer systems.". Por outro lado, podemos ler no Hacker Manifesto do +++The Mentor+++: "Yes, I am a criminal. My crime is that of curiosity. My crime is that of judging people by what they say and think, not what they look like. My crime is that of outsmarting you, something that you will never forgive me for.".
A minha pergunta, depois de isto tudo, é:
Não estará o espírito a morrer?
Não estaremos a deixar fechar as portas da nossa internet aos glutões do capitalismo?
Não estará a verdadeira liberdade a ser comprada?
Todos temos assistido aos ultimos acontecimentos, e a fronteira entre o suposto individuo irresponsável e sem ética e os "bons" está apenas a um salário de distância.
Sera essa a projecção da liberdade?
Será que todos aqueles que sempre estiveram ligados ao movimento vão cair na tentação de querelas internas (como já se verificou muitas vezes aqui no gildot) e vão esquecer o espirito inicial?
Ou o futuro serão defacements meramente prejurativos?

Pereat mundus, fiat justitia "

Conversa com o programador: Roberto Souza Monteiro | Netscape 6 Desilude  >

 

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    bravo (Pontos:0, Despropositado)
    por Anonimo Cobarde em 27-12-00 23:17 GMT (#1)
    fossem todos os artigos assim, e...
    Re:bravo (Pontos:1)
    por chipmunk em 28-12-00 1:09 GMT (#2)
    (Utilizador Info)
    União, Liberdade, Amizade, entre outras, são conceitos mt dificieis de ser comprados por esses tais gulotões!!!!!! Por isso a *cena* dificilmente morrerá...Poderá é ser mal interpretada e usada..como mts vezes tem sido!!!!!####Make Youself#####
    Re:bravo (Pontos:1)
    por BuBbA em 31-12-00 15:24 GMT (#42)
    (Utilizador Info) http://www.BuBix.net
    e ...?
    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (Pontos:2, Esclarecedor)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 14:40 GMT (#13)
    Se me falas do normal conceito de phreaking, isso à muito que está morto ou lá perto. A única maneira de ter acesso a determinado tipo de informação era sacar de um modem a 2400 bps (para os afortunados) e fazer um dial para BBS's para onde fosses recomendado ou tivesses um login que permitisse o download de .txt, zip, arc. Só que fazer isto todos os dias na altura era caro (na altura eu era um puto de 16 anos e 30c por mês de conta telefónica era algo insuportável para os meus pais). Como a maior parte da informação que existia cá em +351 na altura era uma cópia chapada e às vezes desactualizada do que existia em BBS's da Europa e US, era óbvio que tornava-se quase obrigatório ter que fazer chamadas internacionais para sacar informação de interesse. Ora isso, ainda era mais cu$to$o. Daí a proliferação dos esquemas de blue boxing, PBX Phreaking ou Free-Line Party. Hoje em dia e com a massificação da Internet é tudo completamente diferente. Para sacar informação, basta um browser e fazer um search!, para além do correio electrónico ser universal, newsgroups, mailing-lists, e sites especializados sobre hacking/phreaking/cracking e que agora se incide especialmente mais no hacking e o conceito de 'Segurança Informática'. Surgiu um mercado, e o meio é encarado de maneira profissional, surgiram os security engineers, security consultants, security network design blabla. Toda a gente sabe que estas pessoas que agora são boas profissionais pagas para estar do 'outro lado' e também para testes de intrusão já estiveram ligados a esta vida mais underground, mas também mais divertida. De qualquer modo, não tenho nenhuma autoridade para prever ou dizer o que irá acontecer a todo este meio. O hacking vai acabar? Claro que não. O phreaking vai acabar? Talvez não, mas as coisas estão mais difíceis e caras. Redes Digitais de Telemóveis(GSM), o 2600/2400 só se for em países do terceiro mundo que não tenham comprado algum tipo de detector de frequência(CCITT-5 4ever). Mas quem é que ainda quer fazer chamadas sem pagar? Temos o VoIP, tcp/ip espalhado por tudo o que é mundo fora, e este tipo de phreaking para mim acabou. Quanto ao cracking, esse está bem vivo, e países como a China, Taiwan, Bulgária, Rússia agradecem por se fazer muito mau software de protecção anti-cópia, e serve de bofetada na cara para os que defendem o 'Security by Obscurity'. Tudo pode ser reverse-engineered. Surgem novos brinquedos, novas redes, novos protocolos, nova tecnologia, tudo é possível e sempre será.
    Re:Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 29-12-00 2:13 GMT (#27)
    Gostei de ler.

    @146, Nbk
    P.s. - Paciência para ir procurar a password do Gildot não existe. Mudem o raio do conceito, pq isto assim é só habitado por anónimos...
    Re:Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 30-12-00 21:49 GMT (#40)
    Epa', cum caroço, e tu com um post tao pekeno ainda dizes pior. Eh assim, quando nao percebes deixa-te tar sossegadinho a um canto, procura fazer um amigo ou dois, e olha, pa' incinera-te, por causa de gente como tu ek isto ta' como ta'.
    Traducao para Ingles pelo babelfish.altavista.com. (Pontos:2, Engraçado)
    por leitao em 28-12-00 15:47 GMT (#17)
    (Utilizador Info)

    Sim, porque mesmo em Portugues nao se percebe nada!!

    "It will not be the spirit to die? We will not be to leave to close the gates of our Internet to the glutãos of the capitalism? It will not be the true freedom to be bought? All we have attended them we ultimos events, and the border between the irresponsible presumption individuo and without ethics and the " good ones " is only to a pitch wage. Sera this the projecção of the freedom? It will be that all those that had always been on to the movement go to fall in the temptation of internal complaints (as already verified many times here in gildot) and go to forget the espirito initial? Or the mere prejurativos future will be defacements?"
    -- "Why waste negative entropy on comments, when you could use the same entropy to create bugs instead?" -- Steve Elias
    Re:Traducao para Ingles pelo babelfish.altavista.c (Pontos:1)
    por MacLeod em 29-12-00 0:41 GMT (#24)
    (Utilizador Info)
    Ok, ok. Tenho de reconhecer que essa dos glutões saiu um pouco mal, e agora que releio com mais atenção até me soa quase a discurso comuna (sem querer ofender ninguém).
    Freenet (Pontos:0, Redundante)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 19:03 GMT (#22)
    Queria só referir do projecto freenet (http://www.frenetproject.org) que promete conseguir eliminar a censura e privaç~ao de informaçao que cada vez mais vemos hoje em dia na internet.
    perjurativo?? (Pontos:1)
    por BlueNote em 29-12-00 0:21 GMT (#23)
    (Utilizador Info)
    A grafia correcta é "pejorativo".
    Re:perjurativo?? (Pontos:2)
    por buffer em 30-12-00 15:14 GMT (#37)
    (Utilizador Info) http://www.coders-pt.org
    Ena Ena.. Gildot-DIC os melhores dicionários em Portugal.


    -- what was my problem with man You ask? No.. I ask you what was man's problem with me..

    nao se curem nao.. (Pontos:2)
    por buffer em 29-12-00 0:43 GMT (#25)
    (Utilizador Info) http://www.coders-pt.org
    Nao se curem que nao é preciso.. ja viram a quantidade de comments a -1 ?


    -- what was my problem with man You ask? No.. I ask you what was man's problem with me..

    Re:nao se curem nao.. (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 29-12-00 10:13 GMT (#29)

    e' uma descriminacao do camano...isto e' so' proxenetas


    Que paciência...! (Pontos:1, Interessante)
    por js em 29-12-00 0:55 GMT (#26)
    (Utilizador Info)
    Num artigo, Dorothy Denning descreve os hackers: "A diffuse group of people often called ``hackers'' has been characterized as unethical, irresponsible, and a serious danger to society for actions related to breaking into computer systems.".

    Os actos de vandalismo são sempre condenáveis. Há inúmeras entidades que são perigosas para os sistemas em que se movimentam. O vírus da gripe, por exemplo, é indiscutivelmente perigoso para a espécie humana. Também podemos ser tentados a dizer que é indesejável, mas essa é uma afirmação muito mais discutível. Em todo o caso, não há dúvida que ninguém gosta de apanhar gripe.

    Por outro lado, podemos ler no Hacker Manifesto do +++The Mentor+++:

    Enfim, é um texto que vale o que vale, talvez não valesse a pena fazer muito barulho com isto. Por outro lado, é difícil resistir...

    "Yes, I am a criminal."

    Bela maneira de começar...! Que raio de coisa se quer com isto? Transformar a ideia de "crime" numa coisa boa? Desmontar liminarmente as regras de vida em sociedade?

    My crime is that of curiosity."

    Aqui, abrir muito os olhos e fazer um enorme sorriso inocente...

    My crime is that of judging people by what they say and think, not what they look like."

    O acto de julgar as pessoas pelo que elas dizem e pensam nem é muito original. Encontram-se facilmente referências no Portugal fascista, na União Sovietica estalinista, na China maoista, na Alemanha nazista, no Irão fundamentalista e, claro, na Idade Média Católica Apostólica Romana com as suas fogueiras de antes e depois da Inquisição. A tradição vem de longe.

    My crime is that of outsmarting you, something that you will never forgive me for.".

    Hehehe...
    "Espelho, espelho meu, há alguém mais esperto do que eu?"
    Enfim, arrogância e água benta, cada um que se sirva da que quiser. Mas claro que aqui, antes de tudo, se começa por definir implicitamente o conceito de "esperteza" de forma a facilitar a resposta do "espelho"...

    A minha pergunta, depois de isto tudo, é:
    Não estará o espírito a morrer?
    Não estaremos a deixar fechar as portas da nossa internet aos glutões do capitalismo?
    Não estará a verdadeira liberdade a ser comprada?

    1 - Claro que o espírito não morre. A esse respeito sou um optimista incurável. Pode ficar mais forte ou mais fraco, consoante a nossa submissão aos Big Brothers que nos impingem, mas há-de sempre haver quem descubra o genuino prazer de se esforçar para aprender e que, movido por esse prazer, ocupe o seu tempo em algo de bom e positivo.

    2 - A "nossa" internet, vírgula. Minha é que ela não é, pois eu não fiz nada para que ela existisse. Nomeadamente, não fiz o código que a faz viver, não desenvolvi o hardware que a suporta, não lancei satélides de comunicações nem cabos submarinos, nem sequer paguei impostos nos países em que isso foi feito. Quem tenha feito essas coisas pode, com um bocado de razão, falar da "sua" internet, pois ela é realmente um bocadinho "sua". Outros como eu são meros convidados que se limitaram a chegar à sala de jantar depois da mesa estar posta. Infelizmente há sempre quem chegue à mesa, coma dela e depois lhe cuspa, mas também há muitos que depois de lá chegarem e comerem foram para a cozinha trabalhar um bocado. Louvemos os segundos (é por eles que isto vale a pena) e desprezemos os primeiros.

    3 - Sempre que a liberdade estiver a ser comprada, isso é bom. A liberdade é uma conquista permanente. Todos os dias tem que ser conquistada de novo. As conquistas podem ser mais ou menos difíceis. Muito frequentemente são dolorosas. Os timorenses que o digam... Quando a liberdade é comprada, quer dizer que é conquistada da forma mais fácil: usa-se dinheiro em vez de sangue. Felizmente vivemos numa sociedade em que podemos comprar liberdade. Por exemplo, pagamos impostos que financiam forças de segurança. Assim, não precisamos fazer milícias com os vizinhos para proteger o celeiro dos ataques e saques de outras tribos. É por podermos comprar liberdade que conseguimos viver numa sociedade que consegue organizar coisas tão complicadas como uma grande cidade. Numa grande cidade podem-se fazer coisas espantosas. Por exemplo, podem-se fazer grandes universidades onde há espaço (liberdade!) para alguns fazerem coisas que depois vêm a ser peças fundamentais da internet.

    Não há dúvida que viver numa sociedade em que se pode comprar liberdade também tem coisas más. Se podemos comprar (conquistar) a nossa liberdade com dinheiro, outros também no-la podem roubar (saquear) com o mesmo dinheiro. Passam a existir combates travados com armas diferentes. No entanto, sempre é preferível que a arma seja o dinheiro, pois as armas alternativas são muito piores para todos. Principalmente para os mais fracos. É sempre vae victis (ai dos vencidos), mas quando a arma é o dinheiro, as lutas por conquista de liberdade resultam em vencidos que ficaram sem o emprego, em vez de ficarem sem a vida.

    Todos temos assistido aos ultimos acontecimentos, e a fronteira entre o suposto individuo irresponsável e sem ética e os "bons" está apenas a um salário de distância.
    Sera essa a projecção da liberdade?
    Será que todos aqueles que sempre estiveram ligados ao movimento vão cair na tentação de querelas internas (como já se verificou muitas vezes aqui no gildot) e vão esquecer o espirito inicial?
    Ou o futuro serão defacements meramente prejurativos?

    A primeira e maior projecção da liberdade é podermos falar todos destas coisas sem problemas. Essa também é uma "mesa" que outros tiveram o trabalho de pôr para nós. Das querelas e dos salários nada sei, e dos defacements considero-os sempre pejorativos tanto para quem é "defaçado" como para quem "defaça". Para quem é "defaçado", porque ele é como quem anda à chuva de camisa e depois, por incúria, apanha uma constipação. Para quem "defaça", porque ele é como o virus da gripe: Um oportunista, procurando à espera de encontrar uma vítima fraca e apetitosa para atacar. Não me parece que se possa dizer que o virus da gripe seja muito esperto. O mesmo se passa com os "defaçadores". Qualquer um sabe que há muitas máquinas, sistemas e serviços vulneráveis. Não há nenhum mérito em os assaltar. Apenas os ignorantes podem achar esses assaltos dignos de alguma espécie de "mérito" ou "admiração". No fim de contas, é esse o destino dos "defaçadores": Ser admirados pelos ignorantes. Por aqueles que ignoram que não há nada para admirar.

    Re:Que paciência... digo eu! (Pontos:1)
    por Dehumanizer em 29-12-00 11:51 GMT (#30)
    (Utilizador Info)
    O teu post até diz algumas coisas que fazem sentido, mas o teu comentário ao texto do "The Mentor" (aqui citado de forma muito incompleta, e um pouco fora de contexto, mas que está na íntegra, por exemplo, em http://www.wolfmoon.org/manifesto.html) mostra que não entendeste absolutamente nada dele. Que preferes insultar em vez de tentar entender.

    Podia-te explicar o significado dele. Explicar-te que uma pessoa não é "criminosa" só por querer saber mais, ou por agir de forma diferente do que é considerado "normal" na sociedade. Que o "yes, I am a criminal" significa apenas "criminoso" na definição do mesmo tipo de pessoas que agora faz leis como a DMCA ou a UCITA, nos EUA (não sabes o que são? investiga!), leis que dizem que o simples acto de tentar aprender como uma coisa funciona, ou fazer "reverse engineering", é um crime.

    Podia explicar-te isto tudo e muito mais. Mas para quê? Se tens algum interesse em saber, vais ler o Manifesto e tentar entendê-lo por ti próprio. Se não, também não há nada que eu te diga que te faça mudar de atitude, não é?

    Nem vou comentar a parte em que falas de "comprar liberdade".Nem te passa pela cabeça que haja quem não pode, pois não?


    "Nada é tão grande que não possa ser comido." - Garfield

    Re:Que paciência... digo eu! (Pontos:1)
    por js em 30-12-00 11:15 GMT (#34)
    (Utilizador Info)
    Podia-te explicar o significado dele. Explicar-te que uma pessoa não é "criminosa" só por querer saber mais, ou por agir de forma diferente do que é considerado "normal" na sociedade. Que o "yes, I am a criminal" significa apenas "criminoso" na definição do mesmo tipo de pessoas que agora faz leis como a DMCA ou a UCITA, nos EUA (não sabes o que são? investiga!), leis que dizem que o simples acto de tentar aprender como uma coisa funciona, ou fazer "reverse engineering", é um crime.

    Gosto do exemplo do reverse engineering, pois é dos melhores para se ver como se simplificam em excesso coisas terrivelmente complicadas. Por um lado, não creio que seja verdade que o reverse engineering seja sempre um crime; por outro, é fácil arranjar exemplos de casos em que o deve ser. Imagina que eu levo a fechadura da porta da minha casa a uma oficina que entalha desenhos em objectos e lhes peço para entalharem um pinguim. Será legítimo que eles "tenham a curiosidade" de fazer reverse engineering da fechadura e construam uma chave para ela (pela curiosidade de ver se funciona)? Será que as coisas mudam se eles disserem que o fizeram "pela liberdade de descobrir"? Será que as coisas mudam se eles publicarem as instruções para a construção da chave na internet e lhe chamarem "liberdade de expressão"? Será que as coisas mudam se escreverem essas instruções na letra duma música, ou se as estamparem numa T-shirt?

    E será que as coisas mudam se em vez de ser uma fechadura hackada (perdão, crackada) for um cartão multibanco (por exemplo, filmando o código quando o dono o digita)? E se em vez duma filmagem se interceptar e decifrar o sinal transmitido no fio do telefone? E se em vez se se interceptar o fio do telefone se usar uma antena para captar as interferências? E se for um número de cartão de crédito encontrado numa base de dados que se leu depois de se fazer reverse engineering da parte relevante do código que a protegia?

    E será que as coisas mudam se em vez de se tratar da minha fechadura (que devia garantir a segurança e privacidade da minha casa) se tratar dum código de segurança dum programa (que devia garantir a segurança e privacidade da empresa que tenha feito esse código)? E se em vez dum programa for um filme? E se for um livro?

    Será que nunca há um conflito entre reverse engineering e direito à privacidade?

    Nem vou comentar a parte em que falas de "comprar liberdade".Nem te passa pela cabeça que haja quem não pode, pois não?

    Infelizmente há. Sempre houve. Eu no texto equiparo o dinheiro que compra a liberdade a qualquer outra arma que a conquista ou defende. O problema não melhora se se remover o dinheiro da equação. Pelo contrário, piora muito, pois as outras armas são muito piores. Porque se não houver dinheiro na equação, a tua pergunta escreve-se: "Não te passa pela cabeça que haja quem não possa arranjar armamento de jeito para lutar pela sua liberdade? Que lute por ela e nessa luta perca a vida sem nunca a conquistar?"

    Há muitas formas de escravatura, com e sem dinheiro. O dinheiro será o equivalente moderno dos grilhões dos escravos. Nenhuma das formas de escravatura é boa, mas é muito pior estar preso com correntes do que com o jogo actual da publicidade consumista e dos baixos rendimentos.

    Re:Que paciência...! (Pontos:1)
    por MacLeod em 29-12-00 12:09 GMT (#31)
    (Utilizador Info)
    Acho que o problema é aquele de sempre, o de confundir acções hacker com actos de vandalismo. É errado pensar que os hackers são seres a eliminar.

    Sobre o manifesto, só citei um pouco. Mas chegou para ver que não o compreendeste bem. Se o lesses na integra talvez te desse um panorama geral do que era sentido na época, e não eram actos de vandalismo.

    Se o espírito ainda não morreu está quase. Repara, não é o espirito de vir aqui clicar em links, ir ao irc ou qq coisa do género. É o espírito de ir mais longe, de aprender como as coisas funcionam.

    A internet também é tua. É uma comunidade, e é de todos. Nem que seja neste momento que o teu PC está ligado, também fazes parte dela.

    Re:Que paciência...! (Pontos:1)
    por js em 30-12-00 11:08 GMT (#33)
    (Utilizador Info)
    Acho que o problema é aquele de sempre, o de confundir acções hacker com actos de vandalismo. É errado pensar que os hackers são seres a eliminar.

    Cem por cento de acordo com ambas estas afirmações. Aliás, cento e dez. Os dez a mais são estes: Acções hacker nunca são actos de vandalismo. E claro, acções hacker nunca são defacements. Por outro lado, raro é o (se houver algum) defacement que não é um banal acto de vandalismo.

    Sobre o manifesto, só citei um pouco. Mas chegou para ver que não o compreendeste bem. Se o lesses na integra talvez te desse um panorama geral do que era sentido na época, e não eram actos de vandalismo.

    Se eram defacements, muito provavelmente eram actos de vandalismo... a não ser que fossem coisas feitas entre amigos ou algo do tipo. Pregar uma partida a um amigo não é um acto de vandalismo.

    Não li o manifesto agora e não me lembro bem dele, mas já o li (ou outros parentes) há sei lá quantos anos. Não concordo que existisse um espírito muito especial ou diferente na época. O que provavelmente acontecia era que as coisas eram muito mais limitadas a um grupo de pessoas, e essas pessoas (elas sim) tinham um espírito que não era o "espírito médio" da sociedade. A partir do momento em que a coisa explode e se generaliza, o "espirito da coisa" passa a ser o "espirito médio da sociedade". Visto de longe, mudou tudo, mas visto de perto, as mesmas pessoas mantém mais ou menos o mesmo espírito. Só que antes eram elas a fazer o espírito, e agora elas são dez em um milhão.

    Um exemplo da alteração do "espírito visto de longe" é exactamente a importância que os outros novecentos e noventa mil dão aos defacements.

    Se o espírito ainda não morreu está quase. Repara, não é o espirito de vir aqui clicar em links, ir ao irc ou qq coisa do género. É o espírito de ir mais longe, de aprender como as coisas funcionam.

    Esse é o tal que eu não acredito que morra nunca. Acho que quando morrer é porque a Espécie Humana desapareceu.

    A internet também é tua. É uma comunidade, e é de todos. Nem que seja neste momento que o teu PC está ligado, também fazes parte dela.

    Concordo que tens razão. É verdade que a internet é minha. Mas também é mentira. Por exemplo, ao dizer que "a internet é minha" sou facilmente levado a dizer a seguir que "tenho direito à internet", e daí a concluir inevitavelmente que "alguém" tem o dever de me proporcionar esse direito (o direito e o dever são duas faces da mesma moeda). Repara o que é que acontece quando se raciocina assim: Passa-se duma situação em que se está sentado à "mesa da internet" (uma mesa posta por outros), comendo e convivendo alegremente (é bom estar a comer com os amigos!), para uma situação em que se está a exigir que a mesa esteja posta e a vociferar contra as faltas que haja na mesma. Na primeira situação, a "mesa posta" não é considerada um direito, mas algo que temos a sorte de encontrar feito, que é bom, de que gostamos e que por isso temos o dever de contribuir para que continue bom (é como continuar a seguir um caminho que alguém desbravou antes). Na segunda situação, a "mesa posta" é considerada um direito, e a atitude normal é exigir que esse "direito" nos seja facultado, sem fazer nada em troca.

    O problema é que vivemos num clima em que cada vez se exigem mais direitos e se cumprem menos deveres. É por isso que considero importante marcar bem a diferença entre o que pode implicar dizer que "a internet é minha" e dizer que "não é, ela é uma mesa posta e eu sou um conviva cheio de sorte, que deve tentar merecer essa sorte".

    Re:Que paciência...! (Pontos:1)
    por MacLeod em 31-12-00 1:02 GMT (#41)
    (Utilizador Info)
    Esse é o tal que eu não acredito que morra nunca. Acho que quando morrer é porque a Espécie Humana desapareceu.

    Tens toda a razão. É obvio que esse espírito nunca morre, e eu como Físico (ou aspirante a Físico) sei isso bastante bem. Ao que eu me estava a referir (e isso ficou um tanto desfocado) é ao espírito de fazer as coisas pela inocência do conhecimento. Agora sabes que tens barreiras, que existe legislação sob actividades de intrusão remota, etc. Na altura, a legislação era mínima. Faziam-se as coisas com muito menos preocupações que há hoje em dia (quer morais, quer legais, quer de consciencia). Porquê? Porque era uma novidade, e ainda ninguém sabia lidar muito bem com ela.

    Talvez mais paciência ajude... (Pontos:1)
    por jmce em 30-12-00 13:40 GMT (#35)
    (Utilizador Info)

    O texto que comentas (do MacLeod) não está propriamente claro. Para quem percebe o contexto histórico dele, parece-me não trazer nada de novo. Para quem está fora do contexto (como parece ser o teu caso), parece-me não ser propriamente elucidativo...

    Mas se o texto comentado não me pareceu estimulante, o comentário estimula em certos pontos pela negativa, mais propriamente pela náusea que às vezes causa o arremesso de ideias gerais e abstractas mais ou menos certas a alvos errados. Começando pelo esclarecimento de que os actos de vandalismo são condenáveis, como se o contrário (com glorificação de defacements e tudo) fosse proposto como doutrina pelo autor original (e o pressuposto de que há uma defesa do crime como algo intrinsecamente bom continua logo em seguida)

    O jogo masturbatório com as palavras vai descendo por aí abaixo. Partido da expressão "judging people by what they say and think", explode-se numa evocação de estalinismo, fascismo, inquisição e por aí fora, partindo apenas da palavra "julgar". "Julgar" os outros fazemo-lo a toda a hora. Desde as apreciações mais subjectivas e imediatas às mais objectivas e cuidadosas, estamos sempre a fazer algum tipo de avaliação e modelos do mundo à nossa volta, pessoas incluídas. Gostamos de umas pessoas ou das suas atitudes e acções, e não gostamos de outras. Ou seja, julgamos as pessoas para "consumo interno", mesmo involuntariamente. O teu comentário não deixa de o fazer. Felizmente, julgar neste sentido não é o mesmo que julgar e condenar no sentido legal, se a sociedade funcionar de forma razoavelmente decente. E por isso o teu comentário é uma opinião e não um acto inquisitorial. Nesse sentido de "julgar", será menos mau "julgar" pelas afirmações do que pela simples aparência. O nosso primeiro julgamento dos outros, quando não há mais dados, só pode ser mesmo baseado na aparência. Estar atento a algo mais é louvável. Não implica automaticamente que vamos a correr queimar os hereges no Terreiro do Paço. Ou na imprensa e TV, que agora parecem ter tomado mais ou menos o mesmo papel.

    Sobre a arrogância: quando criticamos algo ou alguém, começamos logo pela natural arrogância de acharmos que percebemos o que quer dizer aquilo que acabámos de ver. Às vezes até nos enganamos. Não tendo também grande simpatia por pseudo-espertinhos do género script-kiddie para os quais pareces ter escrito o teu comentário (género alvo de estimação da semana), gostava de chamar a atenção para o facto de que quando se fala de um não perdoado "crime of outsmarting you" há mais para ler do que uma eventual arrogância do autor; afinal também definiste na tua resposta um conceito conveniente de "esperteza" para poderes atacar com a tua. Então consideremos outro tipo de "outsmarting", um para o qual "crime of outsmarting" é uma questão crucial de hoje, de que o DeCSS vs CSS foi um exemplo: não o direito a roubar, não o direito a copiar, mas o direito a ler.

    Nuns casos, apesar de repetidos avisos de especialistas, implementa-se segurança ineficaz. Quando ela é quebrada, em vez de se dar ênfase a corrigir os problemas (outsmarting the outsmarters), ela é dada à procura de bodes expiatórios (internos ou externos). Não defendo a entrada de um estranho numa casa como legal apenas porque uma porta está aberta, muito pelo contrário. Mas ao mesmo tempo que defendo a punição da intrusão indevida, independentemente da qualidade das "fechaduras", não tenho simpatia por respostas desproporcionadas à caça de bodes expiatórios como tentativas de mascarar incompetência, casos em que por vezes a punição por intrusão é de facto exacerbada porque alguém mais influente e com mais advogados se sentiu "outsmarted".

    Noutros casos, o "crime of outsmarting" tem a ver com a definição do que são os nosso direitos e liberdades. E aqui incluo o caso DeCSS vs CSS. Sob o pretexto da "protecção" de produtos, a indústria dos agora chamados "conteúdos" coloca limitações à forma como são usados os produtos que coloca no mercado. Tudo aponta para que essas limitações, mais do que uma tentativa de defesa do mercado actual, constituem uma via para a ampliação do mercado à custa de limitações adicionais impostas aos consumidores. Dado que as tecnologias usadas para impôr limites vão sendo "outsmarted", como responder? Tornando o "outsmarting" em si um crime, mesmo quando o outsmarting não é de facto usado para violar direitos da indústria. Ou seja, para poder criar novas oportunidades de negócio, assistimos à restrição de direitos fundamentais que consumidores e programadores tinham. Os mecanismos de geração de lucro e os mecanismos de competição saem assim do âmbito dos próprios produtos e do marketing e do "mercado", onde deviam ficar, e extravasam para a esfera legal. E a tendência na moda é sermos todos vistos como culpados até prova em contrário.

    A influência do poder económico na definição de leis e, no fim do dia, naquilo que são os nossos direitos fundamentais, não é nada de novo. Mas talvez haja alguns elementos novos perante os quais seja bom estar acordado:

    • o alcance planetário das novas imposições (como limitar eficazmente hoje em dia certos direitos, por exemplo na esfera do copyright, sem o fazer globalmente?);
    • a entrada em direitos pessoais (uma coisa é criar mecanismos legais para favorecer um grupo empresarial específico, outra é mexer em direitos fundamentais de todos os cidadãos do planeta);
    • a subtileza com que os limites vão sendo introduzidos, supostamente apenas para o bem do público e do progresso (a agenda aparente "proteger a propriedade intelectual", facilitar a "disseminação da informação", proteger-nos "contra os crimes", etc.).

    Como destacou recentemente o Eben Moglen numa entrevista excepcional, assistimos hoje em dia a duas grandes "guerras das cifras": sobre o direito a cifrar (com implicações para o direito à privacidade) e o direito a decifrar (com implicações para o direito a... ler, mas muito mais). Do ponto de vista do poder político e económico, tanto cifrar como decifrar podem ser outsmarting. Se o outsmarting for suficiente incomódo, não admira que o queiram tornar ilegal. Mas o que constitui "bem" para o poder político e económico constitui automaticamente "bem" para a sociedade?

    Quanto à nossa Internet, ponto e vírgula: não, não sou dono de cabos submarinos. Não, não criei os algoritmos nem o hardware. Nem sequer sou dono de parte da infra-estrutura da Portugal Telecom, apesar do dinheiro que já me levaram para a usar. Sim, a Internet pode ser vista como uma dádiva excelente. MAS a Internet é mais do que uma rede de computadores: é também uma rede de pessoas. Pessoas de todos os géneros. Podes dizer que são tantas e tão diversas que não são uma comunidade. Eu acho que são. No mesmo sentido da comunidade que usa uma estrada; e parece-me ter para a humanidade um papel que cada vez será mais comparável a uma estrada, no sentido de ser um bem que não pode ser apropriado por uma única entidade, tal como a maior parte das estradas (mesmo que algumas tenham portagens) são de uso público. Nesse sentido, a Internet é uma das "nossas" estradas. No fim do dia, afinal também a pagamos todos. Ao ISP, às empresas de telecomunicações, nos impostos, nos produtos que compramos a empresas que acabam por investir nela. Tudo isto tido em conta, não me parece que devamos tolerar tentações de a tornar num quintal privado. Isso não impede de louvar os que suaram para a fazer.

    E finalmente quanto a comprar liberdades: pois, felizmente alguns de nós estão em sociedades onde não precisam de usar certas armas para defender as suas liberdades. E não me choca que algumas liberdades custem dinheiro. A liberdade de andar num iate, por exemplo. A liberdade de usar automóveis que consomem desmesuradamente por puro prazer. A liberdade de comprar um computador melhorzinho que este Toshiba onde escrevo. Talvez algumas liberdades até devessem ser mais caras, para bem da sociedade.

    Só que a tendência é para a subversão de liberdades e direitos que antes eram aceites como óbvios, mesmo que no limite ideal talvez nunca tenham sido atingidos. O direito a igualdade na justiça independentemente do poder económico, por exemplo. O direito a começar a vida com um mínimo de meios essencial. Até o direito a ler. Não estou a esquecer que esses direitos são acompanhados por deveres, e que é justo que serviços sejam pagos. Mas transformar em puro produto comercial regido por leis de mercado aquilo que era antes visto como direito básico não é manter liberdades e direitos fundamentais. Na prática, foi isso que aconteceu com a liberdade de expressão nos media dominantes. Com mecanismos bem mais eficazes e subtis do que censura e repressão violenta. A nossa Liberdade (com L grande) está a ser comprada, sim. Infelizmente, há gente mais do que suficiente com loja aberta para a vender, e tudo em nosso nome.

    Re:Talvez mais paciência ajude... (Pontos:1)
    por js em 30-12-00 21:03 GMT (#39)
    (Utilizador Info)
    Mas se o texto comentado não me pareceu estimulante, o comentário estimula em certos pontos pela negativa, mais propriamente pela náusea que às vezes causa o arremesso de ideias gerais e abstractas mais ou menos certas a alvos errados. Começando pelo esclarecimento de que os actos de vandalismo são condenáveis, como se o contrário (com glorificação de defacements e tudo) fosse proposto como doutrina pelo autor original (e o pressuposto de que há uma defesa do crime como algo intrinsecamente bom continua logo em seguida)

    Acontece que, exactamente, o "Yes, I am a criminal" reduz liminarmente o conceito de "crime" a algo sem grande interesse nem sentido, estilo "se não me convém então não é crime, é mas é um erro malicioso dos que fizeram as leis". Sem ignorar que a violação das leis é uma importante arma de combate contra as "leis criminosas" (Oops! Um jogo de palavras...), convém não elevar a priori os violadores de leis ao panteão dos Deuses que nos defendem do Mal/ Sistema/ Whatever. Mais ainda, convém tratar da forma mais crítica possível os textos que defendem a violação de leis consideradas más (por eles). Especialmente quando esses textos foram endeusados e são usados como cartilha. Fazer uma leitura crítica de vez em quando não doi nada. Mesmo que o título do texto comece por "Manifesto".

    O jogo masturbatório com as palavras vai descendo por aí abaixo. Partido da expressão "judging people by what they say and think", explode-se numa evocação de estalinismo, fascismo, inquisição e por aí fora, partindo apenas da palavra "julgar". "Julgar" os outros fazemo-lo a toda a hora.

    Sim, é verdade que julgamos a toda a hora sem pensar muito nisso. Isso normalmente não tem uma importância assim muito grande, pois nesse contexto os julgamentos mudam como o vento, passa-se do pensamento "o gajo é uma besta" ao "talvez ele tenha alguma razão" de um minuto para o outro. Na verdade esses "julgamentos" são simplesmente acções pouco ponderdas e informadas. Um exemplo é exactamente dado (e condenado) pelo autor do Manifesto, quando diz que não julga as pessoas pelas aparências. Estou completamente de acordo com ele na importância deste ponto. As consequências de julgar as pessoas pelas aparências são terríveis e vão desde o simples pensar que um gajo é irresponsável apenas porque não usa gravata, até pensar que é um nazi apenas por usar cabelo rapado ou que é um ser inferior apenas por ser negro/ amarelo/ vermelho/ branco/ whatever. Fizeram-se (fazem-se?) culturas e civilizações inteiras baseadas nesse tipo de julgamentos, e elas não são nada de que nos devamos orgulhar enquanto espécie.

    Infelizmente o autor do manifesto borra a pintura toda logo a seguir quando escreve que julga as pessoas pelo que pensam (o que institui um delito de opinião) e dizem (o que institui um delito de expressão). É pena, pois com base nesse tipo de julgamentos também se fizeram culturas e civilizações que não são nada elogiosas para a nossa espécie. É estranho que a constatação desse facto incomode, a não ser que estejamos num contexto de divinização de um texto. Mais uma vez, leituras críticas são boas e recomendam-se.

    Mais infelizmente ainda, o autor perdeu a oportunidade de mencionar as únicas coisas que devem servir de base a julgamentos, e que são as acções (e mesmo para essas devem haver casos de inimputabilidade!). Ao se aceitar acriticamente o que está escrito no manifesto, cai-se na situação dramática de defender as más acções "desde que sejam com boa intenção" (ou seja, baseadas em bons pensamentos!). Para não dar mais exemplos estalinistas, recordo apenas que de boas intenções está o Inferno cheio. Pessoalmente, nunca me dei mal quando avaliei as pessoas mais pelas suas acções (concretas, objectivas) do que pelas suas proclamadas intenções.

    Desde as apreciações mais subjectivas e imediatas às mais objectivas e cuidadosas, estamos sempre a fazer algum tipo de avaliação e modelos do mundo à nossa volta, pessoas incluídas. Gostamos de umas pessoas ou das suas atitudes e acções, e não gostamos de outras. Ou seja, julgamos as pessoas para "consumo interno", mesmo involuntariamente. O teu comentário não deixa de o fazer.

    É verdade sim senhor. Muito bem observado.

    Felizmente, julgar neste sentido não é o mesmo que julgar e condenar no sentido legal, se a sociedade funcionar de forma razoavelmente decente. E por isso o teu comentário é uma opinião e não um acto inquisitorial.

    O meu comentário é um comentário e não um manifesto. O autor do manifesto diz que julga as pessoas pelo que pensam e dizem. Isso não me parece uma coisa boa. Portanto ataco o texto do manifesto que diz esta barbaridade.

    Nesse sentido de "julgar", será menos mau "julgar" pelas afirmações do que pela simples aparência. O nosso primeiro julgamento dos outros, quando não há mais dados, só pode ser mesmo baseado na aparência. Estar atento a algo mais é louvável. Não implica automaticamente que vamos a correr queimar os hereges no Terreiro do Paço. Ou na imprensa e TV, que agora parecem ter tomado mais ou menos o mesmo papel.

    Não sinto assim tanta vontade de defender o texto. É tão mau julgar pela aparência como pela opinião. Apenas se devem julgar as acções. Se quiseres, numa escala numérica em que 1 é bom e 100 é mau, julgar por acções é 10, julgar por opiniões é 90 e julgar por aparências é 91.

    Sobre a arrogância: quando criticamos algo ou alguém, começamos logo pela natural arrogância de acharmos que percebemos o que quer dizer aquilo que acabámos de ver. Às vezes até nos enganamos. Não tendo também grande simpatia por pseudo-espertinhos do género script-kiddie para os quais pareces ter escrito o teu comentário (género alvo de estimação da semana), gostava de chamar a atenção para o facto de que quando se fala de um não perdoado "crime of outsmarting you" há mais para ler do que uma eventual arrogância do autor; afinal também definiste na tua resposta um conceito conveniente de "esperteza" para poderes atacar com a tua.

    Eu não proclamei ter "outsmarted" ninguém. O autor do manifesto proclamou. Espero não ter que pedir desculpa cada vez que começo a falar, afinal estou a ter a arrogância de pensar que tenho direito a isso...

    A proclamação de "outsmarting" é completamente imbecil, e mais imbecil é a ideia de que isso pode ser importante para quem hipoteticamente tenha sido "outsmartado". É uma proclamação de uma extrema arrogância, que ainda por cima revela uma visão extremamente limitada da vida, ao conter implícito o julgamento de que as coisas têm para os outros a mesma importância que têm para o autor, como se dessem todos importância às mesmas coisas que ele dá. A proclamação de outsmarting apenas faz sentido num contexto de competição (e esse contexto está bem patente no texto do manifesto). No entanto, é frequente que quem o autor considera ter "vencido" nem estivesse a competir.

    "Autor", no contexto dum manifesto, é evidentemente qualquer signatário do mesmo.

    Então consideremos outro tipo de "outsmarting", um para o qual "crime of outsmarting" é uma questão crucial de hoje, de que o DeCSS vs CSS foi um exemplo: não o direito a roubar, não o direito a copiar, mas o direito a ler.

    "Direito a ler"? Tenho que rever a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Pode ser que também lá esteja o "direito a não ser lido".

    Nuns casos, apesar de repetidos avisos de especialistas, implementa-se segurança ineficaz. Quando ela é quebrada, em vez de se dar ênfase a corrigir os problemas (outsmarting the outsmarters), ela é dada à procura de bodes expiatórios (internos ou externos). Não defendo a entrada de um estranho numa casa como legal apenas porque uma porta está aberta, muito pelo contrário. Mas ao mesmo tempo que defendo a punição da intrusão indevida, independentemente da qualidade das "fechaduras", não tenho simpatia por respostas desproporcionadas à caça de bodes expiatórios como tentativas de mascarar incompetência, casos em que por vezes a punição por intrusão é de facto exacerbada porque alguém mais influente e com mais advogados se sentiu "outsmarted".

    Este é um belo exemplo de situação que beneficiaria mais de julgamento por acções do que de julgamento por intenções. A intrusão é uma acção, deve ser condenada (a não ser que o intruso seja sonâmbulo). Mas baralhas tudo ao falar de "tentativas de mascarar incompetência", pois aqui já julgas uma intenção. Isso não é necessário nem bom. Se há incompetência traduzida em acções, são elas que devem ser julgadas.

    A condenação do intruso não deve ser feita depender da intenção dos que condenam. São processos separados.

    Quanto à nossa Internet, ponto e vírgula: não, não sou dono de cabos submarinos. Não, não criei os algoritmos nem o hardware. Nem sequer sou dono de parte da infra-estrutura da Portugal Telecom, apesar do dinheiro que já me levaram para a usar. Sim, a Internet pode ser vista como uma dádiva excelente.

    Ou seja, é uma mesa posta para nós.

    MAS a Internet é mais do que uma rede de computadores: é também uma rede de pessoas.

    Ou seja, a mesa tem convivas.

    Pessoas de todos os géneros. Podes dizer que são tantas e tão diversas que não são uma comunidade. Eu acho que são. No mesmo sentido da comunidade que usa uma estrada; e parece-me ter para a humanidade um papel que cada vez será mais comparável a uma estrada, no sentido de ser um bem que não pode ser apropriado por uma única entidade, tal como a maior parte das estradas (mesmo que algumas tenham portagens) são de uso público. Nesse sentido, a Internet é uma das "nossas" estradas. No fim do dia, afinal também a pagamos todos. Ao ISP, às empresas de telecomunicações, nos impostos, nos produtos que compramos a empresas que acabam por investir nela. Tudo isto tido em conta, não me parece que devamos tolerar tentações de a tornar num quintal privado. Isso não impede de louvar os que suaram para a fazer.

    Ou seja, os convivas não a devem considerar como um direito que alguém lhes tem que proporcionar (caso em que esse "alguém" seria uma espécie de dono da cozinha tornado refém pela ameaça de tumultos na sala de jantar), mas como algo de que fazem parte, tanto para comer como para cozinhar e lavar pratos (ou pagar a quem faça isso por eles).

    E finalmente quanto a comprar liberdades: pois, felizmente alguns de nós estão em sociedades onde não precisam de usar certas armas para defender as suas liberdades. E não me choca que algumas liberdades custem dinheiro. A liberdade de andar num iate, por exemplo.

    Ou a liberdade de não ser assaltado no comboio. É paga com impostos, essa.

    A liberdade de usar automóveis que consomem desmesuradamente por puro prazer. A liberdade de comprar um computador melhorzinho que este Toshiba onde escrevo. Talvez algumas liberdades até ser mais caras, para bem da sociedade.

    Só que a tendência é para a subversão de liberdades e direitos que antes eram aceites como óbvios, mesmo que no limite ideal talvez nunca tenham sido atingidos. O direito a igualdade na justiça independentemente do poder económico, por exemplo.

    É importante que quem possa lutar por ele o faça, não só para si mas também para os que não têm meios para travar essa batalha. E é importante que essa batalha seja travada com armas o mais "civilizadas" possível. Ou seja, económicas. Nem sempre se pode. Quando não se pode é muito mau.

    O direito a começar a vida com um mínimo de meios essencial. Até o direito a ler.

    Este não conhecia.

    Não estou a esquecer que esses direitos são acompanhados por deveres, e que é justo que serviços sejam pagos. Mas transformar em puro produto comercial regido por leis de mercado aquilo que era antes visto como direito básico não é manter liberdades e direitos fundamentais.

    Tanta confusão, nem sei por onde comece...!

    A opção é ser um puro produto militar regido por nada ou, quanto muito, pelas Convenções de Genebra (se apetecer aos combatentes lutar dentro desses limites, normalmente até nem apetece). Se conheces outra opção, partilha-a. Todos gostariam de ter uma opção melhor do que a de defender direitos usando dinheiro!

    "Antes era visto como direito básico"? Antes, quando? Quando é que deixou de ser? Que eu me lembre, houve um "antes" em que a liberdade não era vista como um direito básico, e houve um "depois" em que ela passou a ser encarada assim. Esse "depois" continua hoje, e embora ainda não tenha chegado a todo o Mundo, nunca esteve tão disseminado nem tão forte como está hoje.

    Mas a confusão maior nem é esta. É a confusão entre ter um direito e usufruir dele. Podemos encarar todos a liberdade como um direito básico, mas isso não faz automaticamente com que usufruamos dele. Para usufruir dele é preciso defendê-lo. Defesa implica armas de defesa. Se as armas puderem ser económicas, melhor; também fazem estragos, mas fazem menos que as outras. É que "manter liberdades e direitos", fundamentais ou não, implica que alguém os mantenha, senão são violados. Ou seja, implica sempre um combate. Permantentemente. Não consigo explicar melhor.

    Na prática, foi isso que aconteceu com a liberdade de expressão nos media dominantes. Com mecanismos bem mais eficazes e subtis do que censura e repressão violenta. A nossa Liberdade (com L grande) está a ser comprada, sim. Infelizmente, há gente mais do que suficiente com loja aberta para a vender, e tudo em nosso nome.

    Concerteza que isso é mau, mas concerteza que as opções conhecidas são piores. É esse o meu ponto. Não vejo nada acrescentado a ele, pois não vejo nenhuma outra opção a ser apresentada.

    Qe se lixe a net (Pontos:1)
    por DvS em 29-12-00 5:20 GMT (#28)
    (Utilizador Info)
    Dum dia para o outro a internet tornou-se a modinha do novo-riquismo pseudo-virado-para-a-tecnologia. Estas pessoas não fazem ideia do que é a internet como mas é bem "ir à net ver o mail e mandar uma sms"... tá-se bem!. Foram forçadas pelo Sistema a aderirem e a imbecilizar o conceito de net de tal forma que seja tão massificada que perca todo o sentido que outrora tinha. É que começava a ser intelorante para o sistema ter uma sub-cultura lúcida e informada espalhada pelo mundo, assim houve que meter o Big Business ao barulho, fazer da internet um gigante shopping onde a cabrada se passeia ao domingo e exalta o consumismo como quem não tem mais nada que fazer na vida que não seja esgotar o último tusto do empréstimo. Se querem mesmo saber... a net como era já não vai voltar e aquele cheiro a novidade e mudança ja começa a transforma-se num cheiro a mofo e bafiento de gente enfiada em casa a dar ao clique. Não foi nisto que pensaste, pois não Postel ?
    Re:Qe se lixe a net (Pontos:1)
    por jmce em 30-12-00 13:51 GMT (#36)
    (Utilizador Info)
    Apesar do lixo, apesar do desperdício dos recursos, apesar da comercialização, apesar da imbecilização, a Internet ainda pode incomodar e incomoda muito a quem deve incomodar, ao mesmo tempo que pode ajudar e ajuda muito aqueles que a querem e sabem aproveitar. Dizer "que se lixe a net" não ajuda em nada, bem pelo contrário. Não acho que o Postel o fizesse.
    resposta ao futuro dos impulsos por phone lines (Pontos:1)
    por QuanticFlutuation em 30-12-00 15:41 GMT (#38)
    (Utilizador Info)

    Em comentário ao 1º paragrafo, não sei qual a utilidade directa dele, mas o assunto já é conhecido de há muito tempo. E a razão também é sempre a mesma, procura pelo conhecimento e aprender.
    Mas não justifica o segundo e seguintes paragrafos.
    Tal como já foi dito num post resposta a este, o texto dito no artigo de Dorothy Denning e no manifesto do "The Mentor" não são totalmente gerais e também não são muito sociáveis.
    Se forem ver o próprio significado da palavra Hack, vêem que não se adapta ao que é usada.

    Na frase de Dorothy, julga os "hackers" em geral pelo que poucos fazem e leva isso à ideia errada sobre grande parte deles.

    E quanto ao manifesto também não é muito apropriado tem um factor anarquista contido nele, e isso não ajuda ao que quer esclarecer.
    Seja qual for o crime, se é crime tem de ser punido, se queria falar das verdadeiras intenções dos "Hackers" crime era a PALAVRA que não devia ser usada.
    O proprio manifesto mostra um pouco de egocentrismo e sindroma de superioridade, tal como é de notar em todos os ser humanos, seja em que sentido for, "hacking" ou outro.

    Até mesmo os que se auto-proclamam "hackers" não cheguem muitos dos seus ideias, este de libertação do conhecimento e procura dele, pois, só divulgam o que pretendem para lhes dar fama, boa ou má.

    Temos alguns bons e maus exemplos, como por exemplo, no tempo de timor as várias ajudas a atacar as maquinas indonésias, e como maus exemplos esses de "crack" a sites que não fazem qualquer sentido serem atacados, nem vale a pena dar exemplos...infelizmente são mais que muitos.
    Os que se auto-proclamam "hackers" em vez de ajudar os outros (que seria ajudar a eles próprios) não o fazem. Acho que muitos desses "hackerzinhos" que por ai andam, andam a ver filmes demais e julgam-se senhores do universo ou pelo menos do universo informático aqui neste planetazinho.

    Pois não se esqueçam que o que sabem foi apenas porque alguém criou os computadores, senão não sabiam peva. (isto foi um pouco desnecessário)
    Para concluir esta parte: é só para dizer que tenham um pouco de inteligência no que fazem.
    Temos o exemplo de um garoto de 20 anos de lisboa que se julgou o maior por ter pedido a password a um administrador e por consequinte ter conseguido fazer um "deface" a uma página, página essa que seguia os ideiais deles.
    Isto é lamentavelmente "lame".

    O espirito a morrer? depende de qual espirito... o da destruição sem inteligência para se aperceber do que fazem...esse está a aumentar exponencialmente. Quanto ao outro espirito ainda se mantém mas é abafado por este mais novo.

    Fechar as portas? ...mais uma vez depende, tens o exemplo dos ISP de cabo... pra ajudar a isso, e tiveste os exemplos dos ISP por meios analógicos
    (phone lines) que deram liberdade de usar a internet sem custos de acesso.

    Liberdade comprada? sempre foi...

    Pois muitos que têm algum conhecimento de computadores ou alguns antigo "hackers" com o talvez suposto bom espirto comprado para fazer acções governamentais ou empresariais...

    O comportamento humano basea-se no poder...
    mais dinheiro => mais poder => mais liberdade para fazer o que se quer => mais açcões boas ou mas => talvez mais dinheiro ......

    A penultima pergunta não faz sentido...vou passar.

    "Defacements" pejurativos? depende...ja dei um exemplo de um pejurativo e "lame", e tens os outros exemplos que também dei da indonésia...
    eu sei que vocês podem argumentar que dou os mesmo exemplos pra quase tudo, mas podem confirmar que é verdade, mas se quiserem posso dar muitos mais exemplos...
    E com isto termino o meu post.

    "Without ALL information you cannot be sure of whatever there is or may happen" - QuanticFlutuation


    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 10:56 GMT (#4)
    concordo e nao te esqueças do prémio do lerdo mais desenvolvido
    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 12:32 GMT (#5)
    Ao menos dêm a cara... Lerdos e idiotas! Ass: SIGT3RM (não tenho aqui a pass....)
    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 13:29 GMT (#6)
    (não tenho aqui a pass....)
    Pq ? Nao tens o cerebro à mao ? :-)
    Re:1º Prémio (Pontos:1, Despropositado)
    por MavicX em 28-12-00 14:36 GMT (#11)
    (Utilizador Info)
    Tenho mas é o teu e parece que não funciona muito bem Ass: SIGT3RM
    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por MavicX em 28-12-00 14:38 GMT (#12)
    (Utilizador Info)
    banho era para por como anonimo :-)
    Re:1º Prémio (Pontos:0, Despropositado)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 14:53 GMT (#15)
    Pronto ó MavicX, com esta acho que acabaste de ganhar o 1º Prémio ;)
    Re:1º Prémio (Pontos:1)
    por MavicX em 29-12-00 19:48 GMT (#32)
    (Utilizador Info)
    acho que os verdadeiros lames são aqueles que não dão a cara ou que nem sabem registar um nick.

    P.S. bom fim de milénio e continuem com as flames

    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 13:44 GMT (#7)
    Picaste-te? Aparentemente a carapuça serve-te, é ?
    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 14:35 GMT (#10)
    eu tenho aqui o combinado CP/Metro...serve??
    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 13:46 GMT (#8)
    Axo mais idiota perderem tempo a responder, se em vez disso fizessem posts de noticias interessantes nao acontecia isto... Ass: Smurf
    Re:1º Prémio (Pontos:0)
    por Anonimo Cobarde em 28-12-00 14:07 GMT (#9)
    E se seguisses o teu proprio conselho? Imbecil! Ass: SIGT3RM (não tenho aqui a pass....)

     

     

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